Malha ferroviária

Descubra qual a extensão da malha ferroviária brasileira

O escoamento de mercadorias do Brasil pode ser feito de diferentes maneiras, mas os principais modais de transporte que executam esse trabalho são os rodoviários e ferroviários. Apesar da predominância das rodovias, a extensão da malha ferroviária brasileira tem um papel fundamental nesse processo.

Entretanto, é importante destacar que nem sempre foi assim. Como veremos na sequência, a história das ferrovias, para chegar no momento atual, é repleta de altos e baixos. Em certos momentos a malha ferroviária brasileira era, inclusive, predominante no cenário de transporte de cargas nacional.

Índice do Conteúdo

Malha ferroviária no Brasil Império

A história da extensão da malha ferroviária brasileira começa ainda no Brasil Império, por volta de 1850. Um pouco antes as primeiras ferrovias haviam sido construídas nos principais países no mundo, como na Inglaterra e Estados Unidos, e passaram a ser implementadas também no Brasil.

Quando as ferrovias começaram a surgir, não havia outro modal de transporte tão impactante. Os veículos automotores, como carros e caminhões, ainda não existiam, e o principal meio de transporte na época era de tração animal.

Com isso, as ferrovias rapidamente dominaram os meios de transporte de cargas no país e foram se espalhando por todo o território nacional, essencialmente nos estados mais importantes para a produção, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Apesar de já se passarem mais de 150 anos do começo das ferrovias, boa parte da extensão da malha ferroviária brasileira que foi construída na época segue tendo um papel importante para o setor ferroviário nacional. Dos 29 mil km de extensão de linhas férreas brasileiras atualmente, 10 mil foram construídas durante o período do Brasil Império.

Naturalmente isso mostra um grande desafio no quesito desenvolvimento e investimento nesse modal de tensiômetro. Muito disso se deve justamente ao crescimento do setor rodoviário, que, essencialmente na metade do século XX, por volta dos anos 60, passou a dominar o transporte de cargas no país.

Com isso, os investimentos no desenvolvimento no setor ferroviário foram enfraquecidos, muitas linhas foram abandonadas ou sucateadas e poucas novas foram construídas. O cenário começou a mudar apenas no final do século passado, quando houve mudanças na legislação da administração das linhas férreas, dando maior brecha para investimento do setor privado no setor. 

Malha ferroviária brasileira em números

extensão da malha ferroviária brasileira

Os números da quantidade, densidade e peso da extensão da malha ferroviária brasileira ainda deixam a desejar. Atualmente, o Brasil possui pouco mais de 29 mil km de extensão de linha férrea por todo o país e a distribuição é bastante precária.

A principal concentração da extensão da malha ferroviária brasileira está localizada na Região Sudeste com 47% da malha ferroviária nacional. Em comparação, as regiões Norte e Centro Oeste do país, que são regiões importantes para a produção, ocupam apenas 8% da linha ferroviária nacional. O restante está dividido entre a região Sul e Nordeste.

A maior linha ferroviária do país é administrada pela empresa Rumo Logística. A linha da Rumo, que passa pelas regiões Sul, Sudeste e Norte possui mais de 12 mil km de extensão.

A concentração das linhas nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste ocorre principalmente por serem os principais polos produtores do país e terem mais facilidade de acesso ao litoral. Tanto no Agronegócio, como na Indústria, estados como São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Paraná se destacam na produção de insumos importantes para a economia nacional, como minérios, grãos, gado, café, algodão, entre outros. 

A densidade da malha ferroviária brasileira também é algo que preocupa. O país possui apenas 3,1 metros de linha férrea por km², número bastante pequeno, principalmente se comparado a outros países, como a Argentina, que tem densidade de 15m/km². 

Se compararmos aos Estados Unidos, que possui uma extensão territorial tão grande quanto a do Brasil, mas é o país que possui a maior malha ferroviária do mundo, esse número é ainda mais impactante. O país Norte-Americano tem uma densidade de malha ferroviária de 150m/km².

Desafios

desafios das ferrovias

A falta de investimento mais incisivo no setor ferroviário é um dos grandes desafios logísticos do país. Como vimos, o setor rodoviário é predominante, possuindo uma linha muito mais extensa do que a extensão da malha ferroviária brasileira. 

Com isso, existe uma dependência do setor rodoviário que gera efeitos nocivos para a logística e também para a própria produção nacional do país nas indústrias e no agronegócio.

O crescimento em investimentos nas ferrovias, que realmente aumentou nos últimos anos, mas ainda muito longe do desejável, poderia trazer uma série de benefícios para o transporte de cargas do país e para a economia de modo geral.

Primeiramente, se a extensão da malha ferroviária brasileira crescesse, aconteceria um desafogamento das rodovias, e as empresas produtoras não dependeriam totalmente desse setor, que em muitas regiões possuem vias rodoviárias bastante problemáticas, com uma estrutura bastante precária.

Além disso, haveria um impacto econômico importante para essas empresas, pois o transporte de mercadorias por ferrovias é mais barato do que pelas rodovias, por diferentes motivos. 

O frete, por exemplo, é um dos fatores mais impactantes, visto que, o frete rodoviário costuma ser muito maior do que o ferroviário. Ainda, os custos com combustível, administrativos e pedágios também são mais baratos no setor ferroviário.

Outro fator impactante nesse desafogamento e o que beneficiaria as empresas envolvidas nos processos de transporte, é a velocidade dos trajetos. 

Um trem possui a capacidade de transporte de uma grande quantidade de caminhões, fazendo com que uma remessa de produtos seja transportada em apenas uma viagem, acelerando os processos. 

Essa capacidade de transportar as mercadorias em apenas uma viagem, diferentemente das rodovias, também impactam o meio ambiente. 

Como diminui consideravelmente a necessidade de veículos em movimento, a emissão de CO2 de uma remessa transportada pela extensão da malha ferroviária brasileira é consideravelmente menor do que as utilizadas pela rodovia.

Essas são algumas vantagens e soluções que o investimento no setor ferroviário poderia trazer para o país. Comprovadamente isso é um sucesso em grandes nações no mundo inteiro, que investem valores consideráveis das verbas destinadas para a infraestrutura nas ferrovias, como os Estados Unidos e a China, que são referência nesses quesitos.

Futuro da malha ferroviária brasileira

futuro das ferrovias

Apesar de ainda estar muito aquém do essencial, existe uma perspectiva de melhora por parte do governo e das empresas envolvidas nas concessões das linhas ferroviárias para os próximos anos.

Desde a mudança na legislação das concessões, ainda na década de 90, os investimentos voltaram a crescer, e novos projetos começaram a ganhar corpo nos últimos anos. Enquanto alguns já foram concluídos, outros estão em processos de estruturação e também existem alguns projetos futuros em andamento.

O governo federal, inclusive, tem um plano para tentar dobrar a extensão da malha ferroviária brasileira em até 6 anos. Para isso, é fundamental que as obras em andamento sejam construídas, que os projetos já apresentados sejam aprovados e que novas malhas possam ser desenvolvidas nesse pequeno período de tempo.

No momento, as principais obras que estão em andamento, e aumentarão a extensão da malha ferroviária brasileira, são as das ferrovias Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL), Ferrogrão, Ferroeste e ampliação da Ferrovia Norte-Sul. 

Conclusão

Como vimos, o setor ferroviário possui uma extensão ainda muito aquém do necessário. Apesar do crescimento no investimento em ferrovias, as rodovias ainda se sobressaem quando o assunto é transporte de cargas. Para ampliar e superar os desafios logísticos, e aprimorar o crescimento da produção, é necessário o amplo investimento nesse modal, desafogando o setor rodoviário e aumentando a competitividade. 

Fontes:

https://www.ipea.gov.br/presenca/index.php?option=com_content&view=article&id=28&Itemid=18

https://www.gov.br/pt-br/noticias/transito-e-transportes/2020/08/governo-federal-investe-em-ferrovias-para-melhorar-o-escoamento-da-producao

http://www1.dnit.gov.br/ferrovias/historico.asp

https://revistagloborural.globo.com/Colunas/caminhos-da-safra/noticia/2019/05/sera-que-o-brasil-vai-entrar-nos-trilhos.html

https://brasilescola.uol.com.br/brasil/transporte-ferroviario-brasileiro.htm

pt_BR