
Ferrovias mexicanas: Conheça sua história e seus projetos de expansão
Em 2019, o México foi o 10º país do mundo que mais exportou produtos, rendendo uma receita de aproximadamente US $338 bilhões. Mesmo que, assim como no Brasil, o modal de transporte mais utilizado seja o rodoviário, as ferrovias mexicanas exercem um papel muito importante no comércio interno e externo do país.
O principal tipo de produto transportado pelas ferrovias mexicanas são as peças automobilísticas. Essa categoria, que inclui carros, motocicletas, tratores e acessórios do ramo, rendeu US $72,6 bilhões em 2019.
Logo em seguida estão os aparelhos eletrônicos, como microfones, monitores, televisões, peças de computadores. Em 2019, a receita de exportação desse tipo de item superou a marca de US $70 bilhões.
Os combustíveis fósseis, como o petróleo e o carvão mineral, também possuem um papel central na economia mexicana, rendendo cerca de US $22 bilhões através da exportação.
Agora que conhecemos alguns dos principais produtos que ocupam os trens de carga no México, vamos aprender um pouco sobre o transporte ferroviário do país.
Índice do Conteúdo
Surgimento das ferrovias mexicanas

O empresário Antonio Escandón foi um dos primeiros mexicanos que viu um grande potencial econômico na construção de ferrovias no país. Em 1857, ele se propôs a financiar uma linha que ligaria a Cidade do México à Vera Cruz, uma cidade portuária localizada na costa do Golfo do México. Porém, devido a um período de instabilidade política, as obras não progrediram.
Somente em 1864, durante o império de Maximiliano que a construção foi retomada. A inauguração ocorreu em 1873, sendo intitulada de Ferrocarril Imperial Mexicano (Ferrovia Imperial Mexicana).
As décadas seguintes, mais especificamente durante os mandatos dos presidentes Manuel González e Porfirio Díaz, foram marcadas por grandes incentivos governamentais visando a expansão da malha ferroviária. Através de subsídios e concessões a empresas privadas, as ferrovias cresceram consideravelmente: em 1910, o México já possuía cerca de 24.720 km de trilhos no seu território.
É importante lembrar que a maioria das primeiras linhas férreas do país eram de proprietários estrangeiros. Por isso, em 1900, a Secretaria da Fazenda e Crédito Público criou a primeira Lei Geral das Ferrovias, que limitava as concessões apenas a projetos que poderiam beneficiar a economia do país.
Além disso, a companhia ferroviária estatal Ferrocarriles Nacionales de México (Ferrovias Nacionais do México) foi criada em 1903, durante o governo de Porfírio Díaz, com o objetivo de direcionar o uso das rotas para atender interesses públicos.
Ferrovias mexicanas ativas

Em 1995, através de uma tentativa de revitalizar as ferrovias mexicanas, o governo do país optou por privatizar as Ferrovias Nacionais do México.
A companhia Kansas City Southern de México (KCSM) comprou a parte nordeste da malha, que conecta vários pontos de interesse no país, totalizando 3.638 km de extensão. Entre os principais locais ligados estão a Cidade do México, Monterrey, a cidade portuária de Lázaro Cárdenas e Novo Laredo, que fica na fronteira com o estado texano. Essa companhia se dedica exclusivamente ao transporte de carga, mais especificamente, à exportação de peças de veículos terrestres.
Em 1998, o Grupo México e a Union Pacific Railroad compraram conjuntamente o noroeste da malha das Ferrovias Nacionais do México. Assim foi fundada a Ferromex, responsável por administrar cerca de 9.610 km de trilhos.
Por fim, o segmento sul da malha ficou a cargo da Ferrosur, totalizando 2.654 km de linhas, incluindo a que liga a Cidade do México ao Golfo do México em Vera Cruz.
Interligação com os EUA

Em 2019, cerca de 77,8% de toda a exportação de produtos do México foi destinada aos Estados Unidos, totalizando cerca de US $286,2 bilhões de receita. Este índice só é possível através das conexões entre as ferrovias mexicanas e as norte-americanas, portanto, vamos conhecer um pouco sobre as portas de entrada.
As companhias do México que fazem estas ligações são a Ferromex e a Kansas City Southern de México.
As portas de entrada utilizadas pelos trens da Ferromex estão localizadas em: Calexico, na Califórnia; El Paso e Eagle Pass, no Texas; e Nogales no Arizona.
Já no caso da Kansas City Southern de México, as linhas levam até o território norte-americano por meio das cidades texanas, Laredo e Brownsville.
Investimentos e modernização

Como foi dito no início deste artigo, o modal ferroviário não é o meio de transporte mais popular no méxico. Por exemplo, de acordo com um estudo realizado pela Bloomberg, o transporte de cargas por caminhões totalizava 82,5%, enquanto o transporte por trens era de 16,7% em 2015.
No entanto, a disparidade entre estes dois modais tem diminuído gradativamente com o passar dos anos. Dependendo do tipo de carga, o transporte rodoviário pode não ser a solução logística mais lucrativa, por isso, novos investimentos estão sendo planejados para aprimorar as ferrovias mexicanas.
O atual presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, planeja construir por volta de 2 mil km de novos trilhos no país. Um dos projetos iniciados no seu mandato é a construção de uma linha entre Toluca e a Cidade do México. Neste caso, os investimentos somam até US $4,5 bilhões, sendo que a inauguração está prevista para 2023.
Também existem outros projetos governamentais que visam a modernizar e expandir o transporte ferroviário de passageiros, são eles: o trem-bala da Cidade do México até Querétaro, o Trem Interurbano de León à Celaya, a Ferrovia Suburbana de Lechería ao Aeroporto Internacional Felipe Ángeles e o Trem Suburbano de García ao Aeroporto de Monterrey.
Outro acontecimento que promete impulsionar o modal ferroviário no México é a compra pela Canadian Pacific Railway da KSC Southern, empresa que opera as atividades da Kansas City Southern de México. O acordo envolveu a transação de US $25 bilhões e planeja a criação de uma ferrovia que atravessará o Canadá, os EUA e o México.
De acordo com o presidente-executivo da Canadian Pacific Railway, Keith Creel, o projeto irá trazer benefícios para os funcionários, os clientes, as comunidades envolvidas e os acionistas.
Conclusão
O segredo para um comércio lucrativo é planejar bem os processos logísticos e, assim, reduzir os custos. Por isso, o transporte de cargas é uma parte fundamental na maioria das atividades econômicas de uma empresa.
No caso do México, o modal rodoviário ainda é o protagonista no escoamento de produtos. Portanto, a solução pode ser diminuir a dependência do sistema rodoviário e equilibrar a demanda com outros modais, como o ferroviário, por exemplo.
Fontes:
http://wits.worldbank.org/visualization/country-analysis-visualization.html