Ferrovias

Conheça algumas das ferrovias abandonadas no Brasil

O transporte ferroviário é um modal muito pouco explorado no Brasil. Desde a época de Juscelino Kubitschek, o principal meio de transporte no território brasileiro é o rodoviário. Não à toa, cerca de um terço dos trilhos brasileiro estão desativados. Isto é, o número de ferrovias abandonadas no Brasil chega a ser alarmante. 

De acordo com dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), dos 28.218 quilômetros da malha ferroviária existentes em solo brasileiro, quase 9 mil quilômetros estão abandonados. Além disso, mais de dois terços desses 8,6 quilômetros se encontram deteriorados. Isto é, a condição é tão ruim que não existe a possibilidade de utilizá-los.

Dessa forma, se você quer saber um pouco mais sobre as ferrovias abandonadas no Brasil e como chegamos nessa situação, confira um pouco mais: 

Início da predominância das rodovias

predominância das rodovias no brasil

Ao longo da década de 50 do século passado, o Brasil ainda era um país que precisava de maiores investimentos e precisava crescer economicamente. Sem ter muito conhecimento sobre o que isso poderia ocasionar para um futuro a longo prazo, o governo brasileiro da época privilegiou as rodovias em detrimento das ferrovias. Entretanto, devido à crise do café, muitas exportações haviam sido cessadas, endividando parte das ferrovias (administradas pelo setor privado).

Com a intenção de atrair indústrias automobilísticas e investimentos para o Brasil, o então presidente Juscelino Kubitschek criou o chamado Plano de Metas, cuja finalidade era melhorar a infraestrutura brasileira. Juntamente a isso, o Brasil trocou sua capital federal para Brasília, iniciando a construção de rodovias que ligassem o centro do país às regiões mais ricas. 

Dessa maneira, com diversos incentivos fiscais para as indústrias automobilísticas, Volkswagen, Willis Overland, Mercedes Benz e General Motors vieram para o Brasil, iniciando o processo de abandono das ferrovias no nosso país. Até porque, o Brasil priorizou o modal rodoviário até no transporte de cargas, colaborando para que hoje tenhamos tantas ferrovias abandonadas no Brasil.

Motivos do abandono das ferrovias

peças desgastadas em ferrovia

Com o contexto da época ligeiramente resumido, o Brasil começou a se tornar um país rodoviário, ou seja, que foi deixando as ferrovias de lado. Sem muitas preocupações ambientais, as indústrias automobilísticas foram crescendo demasiadamente no Brasil e se espalhando por todo o país. 

Como o próprio lema de JK já dizia, o governo dele buscava fazer o país crescer “50 anos em 5”. No entanto, como o Brasil é um país de dimensões continentais, a baixa maleabilidade do modal ferroviário fez com que muitas regiões fossem realmente integradas ao restante do país somente através das rodovias. 

Além disso, a manutenção de uma ferrovia em bom estado é mais cara do que a manutenção de uma rodovia. Junto a isso, em 1957, com o término de algumas concessões privadas nas ferrovias pelo Brasil, a estatal Rede Ferroviária Federal (RFFSA) passou a administrar as ferrovias, o que também foi mais um motivo do abandono, já que o governo do país claramente queria implementar o “rodoviarismo”. 

Entretanto, após anos deixado de lado, algumas empresas voltaram a ter concessões sob algumas ferrovias, fazendo com que, lentamente, parte dos investimentos no modal fossem retomados. Isso aconteceu em 1997, quando se iniciou a modernização de algumas malhas ferroviárias. 

Ferrovias abandonadas no Brasil 

estado das ferrovias abandonadas no brasil

Exemplificando mais sobre as ferrovias abandonadas no Brasil, aqui temos alguns se exemplos de ferrovias que se encontram desativadas atualmente: 

Estrada de Ferro Mauá: considerada a primeira ferrovia do Brasil, a Estrada de Ferro Mauá foi importantíssima para a história de nosso país. Atualmente, grande parte da linha está completamente abandonada (com exceção do pequeno trecho). Atualmente, somente a Linha Vila Inhomirim, controlada pelo Supervia, faz o transporte de passageiros do Rio de Janeiro, em Magé.

Malha Sul: Apesar de ter sido privatizada em 1997, a Malha Sul tem inúmeros trechos que se somam ao resto das ferrovias abandonadas no Brasil. Cerca de 41,7% da malha foi esquecida. Isto é, possui somente a “estrutura” degradada e não opera. Vale ressaltar também que a participação das estradas de ferro na matriz gaúcha era de apenas 6,4% em 2014. 

Estrada de Ferro Central do Brasil: considerada importantíssima nos dois séculos passados, a ferrovia era responsável por ligar São Paulo e Rio de Janeiro. No entanto, como os dois pólos econômicos se desenvolveram muito no quesito rodoviário, muitos trechos ficaram esquecidos no tempo.

Ferrovia do Aço: Projetada e construída, a Ferrovia do Aço talvez seja um dos principais exemplos de como o Brasil não desenvolveu suas ferrovias. Construída na década de 70, ela jamais teve um vagão em circulação. No entanto, até hoje existem estruturas remanescentes da Ferrovia do Aço, que vem apodrecendo com o tempo. Além disso, serve como moradia para alguns moradores de Sabará, na grande Belo Horizonte.

Vale lembrar que existem outras inúmeras ferrovias abandonadas pelo país, mas estas são só para exemplificar. Além disso, até as informações relacionadas as ferrovias são escassas no Brasil, evidenciando o abandono em todos os âmbitos.

Motivos para aumentar a porcentagem das ferrovias no cenário dos modais de transporte

trem abandonado

Em 2022, não faltam motivos para voltarmos a investir no modal ferroviário. Isso porque, embora seja um transporte com pouca maleabilidade, as vantagens e os benefícios a longo prazo são notáveis. Na Europa, por exemplo, onde se privilegia o modal ferroviário (até no transporte de passageiros), até 2050 qualquer transporte de carga em uma distância superior a 300km terá de ser feita através das rodovias.

Isso porque, enquanto encontramos inúmeras ferrovias abandonadas no Brasil, na Europa o que mais vemos são trilhos. Falando um pouco mais em relação aos benefícios, além de gastar menos combustível (cerca de três vezes), o transporte ferroviário consegue diminuir e muito a emissão de gás carbônico, potencializada pelo modal rodoviário. 

Isto é, de acordo com a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), cerca de 82% das emissões de poluentes oriundas do transporte brasileiro vem dos caminhões pesados. Enquanto isso, somente 5% é ligada às ferrovias. 

Além disso, o modal ferroviário é capaz de transportar capacidades muito maiores, geralmente em toneladas. Utilizando os produtos da Massa, como as balanças ferroviárias, por exemplo, você consegue organizar muito melhor seus produtos, já que o controle pode ser feito de vagão em vagão. Além disso, existem tipos específicos de transporte para cada finalidade, outra vantagem dos produtos da Massa.

Por fim, outra enorme vantagem é a não dependência de pessoas que fazem o transporte. Isso quer dizer, como no Brasil o transporte rodoviário se sobressai, não à toa o país sofreu duras consequências durante a greve dos caminhoneiros em 2018, por exemplo. Afinal, o número de pessoas envolvidas acaba sendo muito maior. 

Conclusão: ferrovias abandonadas no Brasil

Portanto, podemos dizer que o alto número de ferrovias abandonadas no Brasil é algo que só traz pontos negativos para o país. Entretanto, entre 2001 e 2017, com o crescimento do número de malhas ferroviárias privadas, o transporte de carga em ferrovias cresceu em média apenas 3,8% por ano. O que pode dar esperanças para um futuro com mais trilhos. 

Além disso, com as preocupações ambientais a cada ano mais evidentes, a opção por tudo que “faça menos mal” ao meio ambiente é sempre a melhor a se tomar. Por isso, a expectativa é que daqui há alguns anos o número de ferrovias abandonadas no Brasil tenha diminuído.

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