Ferrovias

Manobras ferroviárias: descubra quais são e como são feitas

As manobras ferroviárias são uma parte do processo que envolve o transporte diariamente. É através delas que os trens são agrupados, carregados e direcionados para as viagens por toda a malha brasileira.

Além das localizações estratégicas, os pátios de manobra devem cumprir com competências no âmbito do planejamento, visto que cada tipo de pátio é projetado para uma demanda de transporte, além da segurança, por serem a área de trabalho de operadores, manobreiros e manutentores.

Por isso, neste artigo falaremos sobre como são feitas as manobras ferroviárias, o planejamento para realizar uma manobra, o que são pátios de manobras e as medidas de segurança necessárias.

Como são feitas as manobras ferroviárias

manobras ferroviárias - visão aérea de um pátio de manobras

As manobras são como as etapas que antecedem a partida de um trem de carga. É por elas que a ordem dos vagões é definida, juntamente com o carregamento e as manutenções.  Portanto, o que define uma manobra é o deslocamento de um trem da sua linha original para outra. 

A partir de manobras que um vagão ou bloco de vagões é manuseado até o pátio. As suas partes são desconectadas e classificadas até que uma locomotiva de manobras possa realizar a separação física, em diferentes feixes.

Os feixes, por sua vez, são trechos curtos que seccionam uma linha para que o trem possa ser separado. Desta forma, a locomotiva realiza a separação do bloco para que ele seja reagrupado de acordo com as necessidades de transporte.

O agrupamento acontece sequencialmente, em um ponto de junção conhecido por pátio. Existem os subpátios, que facilitam a classificação de algumas etapas que envolvem o transporte ferroviário. Um exemplo é o pátio progressivo, que será aprofundado à frente, dividido em recepção, classificação e formação do trem.

Ao fim de cada pátio de manobra deve haver um trem em formação, pronto para seguir o seu destino, com o conjunto completo e planejado de acordo com o desacoplamento em outro pátio. 

Planejamento para realizar uma manobra

Antes de determinar como será feita a distribuição de vagões em um pátio, é feito um cálculo baseado em fatores essenciais como: a demanda de transporte, manobras, trens, intensidade de tráfego, maquinário e as regras de classificação dos produtos que escoam a partir daquele terminal.

O objetivo principal dentro de um pátio de manobras é simplificar o processo de montagem de um trem. Logo, quanto menos manobras se fizerem necessárias para que o conjunto saia montado e totalmente carregado, melhor. Isto se deve ao cálculo feito pelas empresas ferroviárias sobre o tempo médio gasto para realizar as manobras e permanência nos pátios. 

Lembrando que o tempo de permanência dos vagões em pátio pode ser classificado em permanência ativa e permanência passiva. A primeira diz respeito ao tempo em que os vagões estão submetidos a operações, e a segunda, ao tempo em que os vagões aguardam. 

A diferença entre os tipos de pátios está na separação física das atividades de classificação e formação do trem, no qual pátios mais complexos dispõem de equipes maiores, mais seções e possibilitam o carregamento, a manutenção e a montagem de maneira independente. Enquanto os pátios mais simples, menos seccionados, dispõem de uma modelagem dos vagões em conjunto. Esta última alternativa pode demandar menos manobras, apesar de não montar e classificar vagões simultaneamente.

Para esta demanda foram inventados os softwares de simulação, que antecipam a distribuição ideal de vagões de acordo com as especificidades do pátio em questão

Pátios de manobras ferroviárias

pátio de manobras

Os pátios são essenciais a todos os tipos de linhas ferroviárias, já que as paradas para o abastecimento de cargas, a separação, o agrupamento de vagões e a manutenção só acontecem com o menor tempo possível, se feitos isoladamente. Um conjunto que apresenta defeito em apenas um vagão deve dispensá-lo e seguir viagem sem a necessidade de aguardar pela manutenção.

Sendo assim, existem pátios com variados números de seções e complexidade, que influenciam no tempo de recepção e classificação, mas que estão ligados diretamente à demanda de transporte de sua linha. 

A divisão mais usada comumente é a de pátios combinados e pátios progressivos. Mais comuns à malha ferroviária brasileira, os pátios combinados dispõem de menos divisões e suas linhas operam com as mesmas funções. Enquanto os pátios progressivos são mais complexos, com seções mais definidas e subdivisões para atender diversos trens ao mesmo tempo.

Para este segundo modelo de pátio, existe a classificação em três áreas: recepção, classificação e formação. 

A recepção é responsável por dividir a locomotiva dos vagões. Neste pátio ocorre a manutenção do sistema de freio, engate, rodas, eixos e outras partes que auxiliam na locomoção da frente. Neste momento, os vagões aguardam para serem encaminhados à próxima divisão.

No pátio de classificação são verificadas as funções de destino, de acordo com a sua carga e urgência. Um dos métodos para separar os vagões é a divisão plana, que exige manobras ferroviárias por manobristas e locomotivas especiais para esta tarefa. Já o sistema Hump Yard, automatiza essa tarefa com a divisão dos vagões por gravidade, conforme eles passam por uma rampa de descida.

Por fim, a formação é a parte de um pátio de manobras ferroviárias que agrupa os vagões com a sua locomotiva, de acordo com a ordem das estações onde acontecerão as entregas. Após inspeções em todos os sistemas e a liberação de documentos que regulamentam o transporte, os trens estão prontos para partir. 

Medidas de segurança

trabalhadores ferroviários

Os sistemas de divisão dos vagões automatizados não estão presentes em todos os pátios, visto que grande parte dos pátios brasileiros dependem do serviço manual para as manobras ferroviárias. 

Assim, o trabalho humano se faz necessário para alterar as conexões entre os vagões e alternar a circulação de uma linha para outra, através dos chamados AMVs, os aparelhos de mudança de via. 

A primeira iniciativa para a segurança é a adequação dos funcionários, através de treinamento e equipamentos de proteção. Os operadores devem aprender tudo sobre as ferramentas de trabalho e as partes que influenciam as manobras ferroviárias, medidas de proteção e ações corretivas em casos urgentes, conservação dos equipamentos de proteção coletiva  e individual (EPC & EPI), compreender as sinalizações do espaço onde trabalham e participarem ativamente da cultura de segurança no trabalho.

O manobreiro, responsável direto pelas funções de engate, desengate e manobra precisa verificar as condições dos vagões antes de realizar intervenções, como: analisar a quantidade de manobras ideais, verificar se há pessoas circulando próximas aos vagões, verificar se os freio manuais estão acionados, manter a distância correta entre vagões e obstruções, não avançar com a composição enquanto descarrega sobre a moega, entre várias outras precauções.

Tal cuidado também se aplica à intervenção sobre o AMV, que demanda: verificar a existência de corpos estranhos entre as agulhas, verificar a pressão do AMV “Macaquinho”, verificar se o movimento da alavanca corresponde ao da agulha, alternar a direção das agulhas com circulação na mesma linha, entre outras coisas.

A postura de um profissional manobreiro deve ser segura e atenta à circulação ao seu redor, cumprindo sempre com os requisitos para que um trem seja desacoplado, com freio acionados, manobra já definida e trilhos livres de calços ou objetos que caem durante passagens anteriores.

Conclusão

Podemos concluir que as manobras ferroviárias são fundamentais para o seu modal de transporte no mundo todo, como a prática mais eficiente para organizar o conjunto que forma o trem de acordo com os seus produtos e realizar intervenções em unidades, ao invés de interromper o funcionamento do trem como um todo.

Outro benefício que esta estratégia permite é a simultaneidade de trens em operação, sendo preparados para transportar. Além do cuidado com que as manobras são realizadas, para não comprometer a eficiência logística e energética, que tornam este modal de transporte tão relevante.

Fontes:

http://transportes.ime.eb.br/etfc/monografias/MON025.pdf

https://www.docsity.com/pt/manobra-ferroviaria-em-operacoes-ferroviaria/5434154/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Locomotiva_manobreira

https://www.youtube.com/results?search_query=manobra+de+ferrovia

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