
Ferrovia e hidrovia: entenda como esses modais podem transformar o setor de transportes
Para que a economia do Brasil seja incrementada, não basta apenas a ação dos setores produtivos, comércios e serviços. Além deles, o segmento de infraestrutura logística de transporte também é fundamental, pois são eles os responsáveis pela movimentação dos insumos produzidos. Entre eles, as rodovias, ferrovia e hidrovia são os segmentos que mais se destacam aqui no país.
Apesar de todos esses modais de transporte comporem a infraestrutura logística de transporte do país, existe uma grande diferença na utilização de cada um, principalmente se compararmos com grandes potências do mundo.
No Brasil, por exemplo, as rodovias dominam o cenário de transporte de cargas do país, com mais de 200 mil km de extensão e representando basicamente 60% de todas as cargas movimentadas. Enquanto isso, ferrovia e hidrovia ficam em segundo plano nos modelos atuais.
O setor ferroviário é composto por cerca de 30 mil km de extensão, representando um valor próximo a 20% de todo o transporte nacional. Enquanto isso, o modal hidroviário possui mais de 40 mil km úteis para utilização, sendo que boa parte, infelizmente, não é usado. O setor hidroviário ainda representa cerca de 16% do transporte de cargas no país.
Como você pode ver, o setor rodoviário sobra nesse quesito e os outros dois modais, ferrovia e hidrovia, são equiparados. Essa diferença se dá por um longo processo de preferência pelo setor rodoviário, essencialmente na década de 60, quando o governo buscou investir no segmento para atrair indústrias automobilísticas de outros países.
Desde então o investimento nas rodovias só cresceu, enquanto os outros sofreram e ainda sofrem com muito descaso e abandono na infraestrutura.
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Ferrovia e hidrovia no Brasil

Como dissemos, a composição de ferrovia e hidrovia no Brasil é bastante utilizada, mesmo que não sendo referência para a logística de transporte nacional.
Primeiramente, falaremos do setor ferroviário, entendendo como é a sua composição, onde atuam e para que as ferrovias nacionais são utilizadas.
Ferrovias

Distribuídos pelos 30 mil km na totalidade em extensão, o setor ferroviário é dividido em 10 malhas ferroviárias concluídas e em atividade, além de mais duas com construção em andamento. Cada uma dessas malhas é administrada por empresas distintas ou então pelo próprio governo federal. Conheça os nomes:
- Ferrovia de Integração Oeste Leste (FIOL)
- Ferrovia Tereza Cristina (FTC)
- Ferrovia Transnordestina Logística (FTL)
- MRS;
- Rumo;
- Vale – Estrada de Ferro Carajás;
- Vale – Estrada de Ferro Vitória a Minas
- Estrada de Ferro Paraná Oeste (Ferroeste)
- Transnordestina Logística S.A (TLSA)
- Projetos de Governo;
Vale destacar que a empresa Rumo é a mais atuante no setor. Na sua malha ferroviária, que ocupa as regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Norte, é dividida em “ramificações”, que são: Malha Norte, Malha Sul, Malha Paulista, Malha Oeste e Malha Central. Essa divisão, quando somadas todas juntas, representam mais de 14 mil km dos 30 mil km de extensão de toda a malha ferroviária brasileira.
Cada ferrovia construída no Brasil tem como objetivo o abastecimento dos municípios em que atuam, mas principalmente os portos nacionais, que realizam a exportação.
Além disso, cada malha ferroviária fica responsável por transportar diferentes insumos para essas regiões, como produtos da agricultura, indústria e mineração. Atualmente, os insumos mais transportados são advindos da mineração de carvão, representando cerca de 60%.
Hidrovias

Já o setor hidroviário é composto, de acordo com Confederação Nacional do Transporte (CNT), por 8 mil km de costas e mais de 40 mil quilômetros de vias com potencial para serem navegadas.
A navegação e utilização desse modal de transporte pode ser feita em diferentes ambientes, como lagos, rios e oceanos, tanto para transferência de pessoas e mercadorias dentro do país e também para a exportação e integração com outros países próximos.
Assim como no setor ferroviário, o hidroviário é responsável pelo transporte de uma série de produtos de diferentes setores produtores. Atualmente, os principais commodities transferidos em rios e mares nacionais são, de acordo com a CNT: carga geral (76.3%), os granéis sólidos (13,7%), os granéis líquido (5,3%) e a carga roll-on / roll-off (1,5%).
Mais baratos e eficientes

Apesar das rodovias dominarem o segmento de transporte de cargas no país, existe muita discussão a respeito, principalmente em como fazer para equilibrar a matriz de transporte e o por que de fazer isso. Bom,uma das respostas é que ferrovia e hidrovia trariam uma economia importante para a infraestrutura nacional, por diferentes motivos.
Primeiramente, se colocarmos em xeque ferrovias e rodovias, o setor ferroviário é mais barato. Os fretes são mais em conta e os gastos com combustíveis são menores, as viagens são mais rápidas, os trens permitem um carregamento equivalente a mais de 100 caminhões, entre outros motivos importantes.
O preço do combustível dos caminhões, por exemplo, é mais um fator impactante. Cada mês que se passa os valores dos gastos com gasolina e álcool sobem e, para que um caminhão possa realizar uma longa viagem, como é de costume, o custo é muito grande para o abastecimento.
Dessa maneira, é mais um aspecto que precisa ser levado em consideração do por que é importante equilibrar os modais, utilizando cada vez mais ferrovia e hidrovia.
Comparamos as rodovias com as ferrovias, mas vale destacar que o custo do modal hidroviário é ainda mais em conta.
Os custos com combustíveis também são mais em conta, o frete é a mesma coisa e até mesmo o cálculo relativo ao transporte durante as viagens é vantajoso para as embarcações. Apenas uma barca pode carregar o equivalente a, aproximadamente, 25 caminhões.
Ferrovia e hidrovia: Menor custo para o meio ambiente

Outra vantagem importante para ferrovia e hidrovia em relação às rodovias, sendo mais um fator importante para entender o porquê de ser necessário equilibrar os modais de transporte, é a diminuição da agressão ao meio ambiente.
Como sabemos, a queima dos combustíveis utilizados no setor rodoviário (gasolina e álcool), que se transforma em CO2, é bastante agressiva para o meio ambiente. Se pensarmos na quantidade de caminhões que viajam pelas ruas diariamente, a quantidade é incalculável.
A emissão do gás carbônico no Brasil, advindo de veículos de transporte, é representada por 95% nas rodovias e apenas 5% nas ferrovias. Ou seja, a diferença entre os dois modais, em relação a emissão desse gás poluente, é enorme.
Ainda, as hidrovias não aparecem nessa porcentagem por serem veículos ainda mais limpos e tranquilos para o meio ambiente. Dessa maneira, diminuir essa diferença entre os setores poderia fazer toda a diferença economicamente e também para o meio ambiente.
Possibilidade de intermodalidade
Por fim, o último fator determinante que selecionamos para que ferrovia e hidrovia possam mudar o panorama do setor de transporte brasileiro, é a possibilidade de intermodalidade, ou seja, a utilização de ferrovias e hidrovias em um único processo logístico.
Essa intermodalidade já acontece com afinco quando falamos de exportação. Trens e caminhões ficam a cargo de levar os insumos para os portos nacionais, que por sua vez ficam responsáveis por transportar as cargas para os países parceiros.
Entretanto, existe a possibilidade de utilizar, cada vez mais, ferrovia e hidrovia em uma viagem mais curta, entre municípios. Isso é importante para que diversos municípios, que muitas vezes não são alcançados apenas com as ferrovias, possam ser abastecidos sem depender exclusivamente das rodovias.
Ainda, a intermodalidade entre esses modais podem se associar em malhas projetadas para melhorar a eficiência, alcance e rapidez no transporte de cargas aqui no Brasil, trazendo uma série de benefícios econômicos e sociais.
Conclusão: ferrovia e hidrovia
Podemos concluir com o artigo que a implementação de novas ferrovias e hidrovias, bem como o amplo investimento em soluções nesses dois modais, podem trazer benefícios a curto e a longo prazo para o país, pois são segmentos mais baratos, com menos custos administrativos, que degradam menos o meio ambiente e que aumentam a velocidade do transporte de cargas, essencialmente em relação aos rodovias.
Fontes:
https://exame.com/economia/ferrovias-e-hidrovias-sao-pouco-exploradas-aponta-ibge/
https://www.agrolink.com.br/noticias/brasil-quer-mais-ferrovias-e-hidrovias_438153.html