
Entenda sobre os desgastes dos trilhos ferroviários
Desde a implementação do sistema ferroviário no Brasil, uma série de avanços produtivos e econômicos foram possíveis. Os trens se tornaram importantes parceiros no desenvolvimento de cidades, estados e, do país como um todo, atuando na conexão entre pessoas de diferentes regiões e no transporte de cargas e mercadorias, abastecendo diversos setores econômicos da sociedade. Infelizmente, as linhas ferroviárias sofrem há algum tempo com uma grande turbulência causada, principalmente, pela falta de investimentos em novas construções e pelo abandono total de linhas e trilhos ferroviários já construídos.
Os dados colhidos pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), há cerca de dois anos, mostram dados assustadores. Neste levantamento é apontado que cerca de um terço de toda a linha férrea brasileira está completamente em desuso, com toda sua estruturação, como os trilhos ferroviários, se deteriorando e ficando completamente sem funcionalidade.
Já um levantamento da Revista Ferroviária, por sua vez, aponta que em torno de 57% da malha ferroviária foi deixada de lado. Isso significa que, de acordo com a revista, mais da metade da linha, que poderia ser usada para o desenvolvimento econômico do país, está sem uso, o que implica em desperdício de terrenos e de recursos.
A principal estrutura de uma via ferroviária, que permite que os trens executem a movimentação das rodas são os trilhos ferroviários. É imprescindível que a construção dos trilhos de uma ferrovia seja feita de maneira adequada, de acordo com as especificações contidas nas normas de regulamentação, principalmente no que diz respeito ao peso de carga suportado.
Como apresentamos, muitas ferrovias do Brasil estão completamente abandonadas e não recebem manutenção há um bom tempo. Em partes, esses abandonos podem ser consequência de problemas como a forte concorrência com o setor rodoviário mas, em sua maioria, estão ligados aos desgastes dos trilhos ferroviários.
A partir de agora, apresentaremos para você alguns detalhes sobre quais são os tipos de desgastes que os trilhos de uma ferrovia podem sofrer, abordando desde a sua composição até formas de evitar a sua degradação, que é tão recorrente nas vias ferroviárias brasileiras. Portanto, continue com a gente e confira mais detalhes!
Índice do Conteúdo
Composição dos trilhos ferroviários

Durante a história da nossa linha férrea, os perfis dos trilhos foram se modificando para atender melhor às demandas dos trens. Atualmente, o perfil de trilho utilizado é o vignole, que foi o que melhor se adaptou ao longo do tempo. Os trilhos ferroviários são classificados pela pesagem do metro da barra. Ou seja, a sigla TR é acompanhada com o peso, em quilogramas, da metragem de uma única peça. As pesagens mais comuns são:
- TR 32;
- TR 37;
- TR 45;
- TR 57;
- TR 68.
A pesagem do trilho está inteiramente ligada à quantidade de peso que o trilho é capaz de suportar em relação aos eixos dos vagões do trem. Portanto, é imprescindível que o vagão do trem que irá passar em uma linha férrea esteja de acordo com o limite suportado.
Para a realização da pesagem dos eixos, cargas e outros componentes dos vagões, são instaladas balanças ferroviárias na malha ferroviária. As balanças podem ser tanto estáticas (que pesam com o trem parado), como dinâmicas (aquelas que realizam a pesagem com o trem em movimento), sendo que as balanças dinâmicas, atualmente, são as mais utilizadas na área, uma vez que efetuam a pesagem sem ocasionar atraso no trajeto.
As informações de pesagem do vagão são captadas por um sistema eletrônico instalado nas balanças que faz a checagem e manda os dados obtidos para uma central de comando especifica. A partir do valor obtido, essa central determina se e quais ações que precisam ser tomadas. O uso de vagões que excedam os limites estabelecidos na linha pode causar uma série de problemas, como o desgaste nos materiais dos trilhos ferroviários. Por isso, é importante entender quais são os tipos de desgastes e como eles podem ocorrer. Confira abaixo!
Desgaste do boleto

A composição de uma barra de trilho de perfil vignole tem três principais partes: os patins ou a parte inferior, que é fixada e exerce a sustentação da composição, a alma, que faz a conexão com os patins e a parte superior, e os boletos, que são as composições superiores, onde os trens movimentam efetivamente as suas rodas.
Por ser a parte que tem contato direto com as rodas do trem, os boletos sofrem atritos e pressões constantes que causam maiores desgastes em suas estruturas. Assim, na busca de compreender melhor como e onde ocorrem os desgastes dos trilhos, especialistas dividiram os desgastes do boleto em três etapas: desgaste lateral, desgaste vertical e desgaste ondulatório.
Desgaste lateral

O desgaste lateral pode ser compreendido principalmente por anomalias nas estruturas das partes dos trilhos com pequenas curvaturas. Esse problema ocorre quando a pressão exercida pelas rodas dos trem passa por essa estrutura curvada e, cada vez que isso ocorre, faz com que o material sofra pequenas modificações que podem, inclusive, resultar na quebra do trilho.
Desgaste Vertical

Esse tipo de desgaste acomete as partes retilíneas dos trilhos por uma série de fatores, dentre eles: a raspagem dos trilhos quando entram em contato com as rodas do trem, ao carregar o peso inteiro das estruturas dos vagões; ou por conta da corrosão sofrida por adversidades naturais, já que os trilhos estão totalmente expostos às intempéries naturais como o excesso de sol, que superaquece o material dos trilhos ferroviários, ou a chuva ácida. Quando esse material sofre com elementos corrosivos, o material fica completamente desgastado, podendo criar a fratura da sua estrutura.
Desgastes ondulatórios

Os desgastes ondulatórios são proporcionados por conta do grande tráfego nas vias férreas, que geram ondulações nos trilhos ferroviários. Esse desgaste é um dos mais problemáticos, pois pode acarretar em deformações na trilhagem, deterioração dos materiais dos trilhos e dos trens, deslocamento dos dispositivos de fixação dos patins e, inclusive, danificação e quebra das composições de posicionamento, como os dormentes.
Como não sofrer ou, ao menos, reduzir o desgaste dos trilhos ferroviários?

Existem diferentes formas e recomendações de como os trilhos devem ser construídos a fim de evitar maiores desgastes aos materiais. Por conta da forte demanda, pressão e atrito constante das rodas com os trilhos, exposição às altas temperaturas e umidade, é natural que os trilhos sejam danificados ao longo do tempo. Mas, é possível atenuar alguns desses desgastes por meio da realização de ações que, embora simples, são fundamentais.
Primeiramente, é imprescindível que a instalação dos trilhos esteja de acordo com as normas estabelecidas para a sua linha ferroviária. Para evitar desgastes laterais e verticais, é recomendável que seja feita uma elevação do trilho, evitando que ele entre em constante contato com todas as estruturas curvas e retas que encontrar pelo caminho. Outra forma de garantir a maior proteção para o sistema de movimentação dos trens nas plataformas é, por exemplo, realizando a construção do trilho com os materiais mais resistentes e eficazes disponíveis no mercado que foram elaborados especialmente para a demanda desses espaços.
Manutenção dos trilhos ferroviários

Por conta dos fatores mencionados, é fundamental que ocorram manutenções constantes. O desgaste do trilho é uma das causas preponderantes quando se fala em problema ou danificação que acomete os trens mas, fique atento, pois isso pode e deve ser evitado.
Existem algumas estratégias e máquinas que são utilizadas para auxiliarem os profissionais na hora de realizar as devidas manutenções nos trilhos de uma ferrovia, tais como:
- Ultrassom;
- Alívio de Tensões;
- Esmerilhamento do Boleto;
- Soldagem.
Conclusão
Como percebemos ao longo do artigo, os trilhos estão propensos a sofrer com desgastes ao longo do tempo. A realização de constantes manobras durante o percurso do trem gera altas pressões nas partes curvatórias e retilíneas da plataforma e diversos problemas, dentre eles, o prejuízo à durabilidade do material. Por isso, existem técnicas e instrumentos que auxiliam na diminuição da probabilidade de desgaste por conta das manobras realizadas, como a simples pesagens dos vagões. Nesses casos, as balanças ferroviárias da MASSA são excelentes opções para a pesagem dos vagões, uma vez que não exigem que os trens realizem manobras e atrasem seu percurso para serem pesados.
Fontes complementares aos textos de apoio:
Monografia da Fernanda Macedo