Ferrovias, Setor Ferroviário

Ferrovia Transcontinental: Entenda tudo sobre o projeto

O setor ferroviário é importantíssimo para o desenvolvimento de qualquer país. É através das linhas ferroviárias que as possibilidades de transporte de cargas e pessoas são ampliadas. Aqui no Brasil, por exemplo, existe uma alta gama de ferrovias, essenciais para o abastecimento de itens nas cidades e nos portos.

Além das ferrovias nacionais, que abrangem apenas o território do país, existem locais que contêm ferrovias que ultrapassam a barreira das fronteiras ou dos oceanos. Essas ferrovias são chamadas de transcontinentais.

A precursora desses moldes foi a Primeira Ferrovia Transcontinental, denominada assim a ferrovia estadunidense que interligava as costas de dois oceanos: o Atlântico e o Pacífico.

Já na América Latina, está em projeto, nos dias atuais, a construção da EF-354, uma ferrovia transcontinental que ligará a costa do Oceano Atlântico, no litoral brasileiro, ao Oceano Pacífico, no Peru. Esse projeto está sendo elaborado por ambos os governos e será um marco ferroviário para a parte sulista do continente americano.

A construção da ferrovia transcontinental é um dos principais planos do governos brasileiro, visando uma maior conexão com a importação e exportação para países como a China, forte parceira nesse empreendimento, já que a extensão da ferrovia chegaria até o Oceano Pacífico e, portanto, forneceria mais facilidade de acesso aos campos asiáticos.

A previsão do governo há alguns anos é de que seriam feitos investimentos na casa dos 40 bilhões, com projeção para início da construção em 2022. Mas, ainda não há uma base concreta em relação a esse período, já que houve troca no governo e, por isso, cabe ao novo chefe do poder executivo dar continuidade à projeção.

Em relação à extensão da linha, a ferrovia transcontinental deverá ter em torno de 4,5 mil km de extensão, abrangendo boa parte do território brasileiro, como Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás, Roraima, Acre, e chegando até o país vizinho, o Peru. 

O foco do nosso artigo é abordar o andamento dessa obra, como ela é dividida, os investidores por trás das construções, as polêmicas, as concessões e muito mais. 

Divisão da linha

Divisão da linha

A ferrovia transcontinental será divida em três pontos principais aqui no território brasileiro. São três linhas concessionadas para a empresa VALEC Engenharia, Construções e Ferrovias S/A. As partes apontadas são as ferrovias Norte-Sul, Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (FICO) e o trecho que encontrará a fronteira com o Peru. 

Além da importância que esses trechos terão para a ferrovia transcontinental, eles também serão fundamentais para o aumento do transporte de cargas nas malhas brasileiras, ja que auxiliarão no escoamento de produtos em diversas regiões. 

FICO

A Fico é uma ferrovia em fase de estudos que terá em torno de 1600 km de extensão. De acordo com o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), a malha que ligará Goiás até o estado de Rondônia tem um investimento previsto do CAPEX de R$ 2,730 bilhões.

A Ferrovia Norte-Sul faz parte da malha ferroviária brasileira e como o próprio nome já diz, tem sua extensão desde o norte do país e chega até a parte sulista. Tem mais de 1500 km de extensão e foi projetada para ser a principal ferrovia do Brasil, já que é uma ferrovia que se conecta com diversas outras. Ela tem muita importância na projeção da ferrovia transcontinental.

Desta forma, além de fazer parte da nova ferrovia transcontinental, os trechos do trajeto têm grande relevância para conectar as malhas ferroviárias nacionais. A projeção da Ferrovia Norte-Sul, por exemplo, é de que até 2050 sejam movimentadas 22 milhões de toneladas de cargas pesadas, segundo dados da PPI do governo. 

Investimentos estrangeiros da Ferrovia Transcontinental

Investimentos estrangeiros da Ferrovia Transcontinental

Como a ferrovia transcontinental é uma malha que tem como objetivo o largo abastecimento de países estrangeiros, logo foram surgindo interessados para investir pesado na construção da via, e essa interesse acabou criando uma forte polêmica acerca da obra.

Um entre os principais países seduzidos pela ferrovia transcontinental foi a China, que é um dos destinos da exportação brasileira. Essa linha chegaria com maior facilidade aos portos oceânicos, facilitando a exportação e importação para esse país é, também, também para a Suíça.

Em meados de 2015, quando o país era governada pela então presidente Dilma Rousseff, houve encontros com alguns governantes chineses, dentre eles o primeiro ministro do país. O interesse do país asiático na construção dessa ferrovia se deu principalmente no projeto de expansão econômica, que visava aumentar a obtenção de matérias primas na América do Sul. 

Em 2017, a Suíça surgiu como interessada na construção da ferrovia transcontinental. Os governantes assinaram acordos com o então presidente da Bolívia, Evo Morales, tratando sobre aspectos acerca dos investimentos que seriam feitos com aparato técnico e estratégico. 

Polêmicas acerca da construção da Ferrovia Transcontinental

Investimentos estrangeiros da Ferrovia Transcontinental

Como a ferrovia transcontinental tem em seu projeto uma ambiciosa quilometragem que abrangerá  desde o porto de Santos até a costa Peruana, é necessário que a linha passe por diversas cidade e regiões. Uma dessas regiões é a Floresta Amazônica, principal área ambiental de todo o continente americano. 

Por conta dessa passagem, muitas polêmicas surgiram em torno da ferrovia transcontinental, já que é uma importante área ambiental do Brasil. Especialistas apontaram que a construção seria muito prejudicial aos povos indígenas que habitam essa região e também que haveria sérios impactos ambientais na área. Paulo Adario, diretor da Campanha Amazônia, do Greenpeace, se manifestou prontamente à época contra a instalação da ferrovia transcontinental, apontando que os impactos negativos dessa construção na região amazônica não poderiam ser evitados. 

Conclusão

Pudemos perceber ao longo do artigo que a ferrovia transcontinental ainda está cercada de controvérsias, já que é uma ferrovia que envolve uma série de países e, consequentemente, muita burocracia. Com a mudança no governo brasileiro e a troca de prioridades e mentalidade dos governantes, a malha ainda segue em projeção e não podemos ter certeza de quando ela será construída e movimentada.  
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FONTES

https://www.wikiwand.com/pt/EF-354

https://www.ppi.gov.br/concessao-da-ef-354-ferrovia-de-integracao-centro-oeste

https://amantesdaferrovia.com.br/blog/ferrovia-transoceanica-um-negocio-da-china

https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Meio-Ambiente/A-polemica-da-Ferrovia-Transoceanica/3/33535

https://www.brasil247.com/mundo/brasil-nao-da-continuidade-a-projeto-da-ferrovia-transoceanica

https://www.ppi.gov.br/ferrovia-ef-151-sp-mg-go-to-ferrovia-norte-sul

http://www.cprm.gov.br/publique/media/informacao_publica/leilao_dos_lotes/lote2/fosfato_miriri_ppi.pdf

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