
Ferrovia Oeste Leste (FIOL): Tudo sobre!
O setor ferroviário brasileiro é composto por uma série de linhas ferroviárias. Ainda, existem diversas malhas que estão em construção, visando tornar esse modal de transporte ainda mais competitivo. Entre essas linhas, que fazem parte da composição do mapa ferroviário nacional, está a Ferrovia Oeste Leste (FIOL).
Essa é uma ferrovia de integração, ou seja, é um modelo de linhas ferroviárias utilizados para integrar outras ferrovias, outros modais de transporte e regiões, fazendo conexões importantes para alcançar os portos de diferentes estados.
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Contextualização

Esse modelo de malha ferroviária é um desejo bastante antigo. Ainda no começo da década de 1930, durante a era Vargas, o governo já começou a projetar ferrovias que interligassem diferentes regiões nacionais, visando uma modernização e industrialização do setor.
Anos depois, foi idealizado também um modelo ferroviário que visava interligar o Brasil com países vizinhos, como a Ferrovia Transulamericana, que tinha como objetivo ligar o Oceano Atlântico ao Pacífico, ou seja, o Peru ao Brasil, especialmente no estado da Bahia.
Foi com esse contexto e com ideias semelhantes que a Ferrovia Oeste Leste passou a ser projetada. Isso ocorreu em 2008, durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No projeto, a linha da Ferrovia Oeste Leste seria dividido em três trechos principais:
- Trecho I – Ilhéus (BA) – Caetité (BA) – 537 km e interligação com a Ferrovia Centro-Atlântica;
- Trecho II – Caetité (BA) – Barreiras (BA) – 485 e interligação com a Hidrovia do São Francisco
- Trecho III – Barreiras (BA) – Figueirópolis (TO) – 505 km e interligação com a Ferrovia Norte-Sul.
Como você pode ver somando todos os trechos, a projeção era de que a Ferrovia Oeste Leste tivesse, no total, 1527 km de extensão.
O início das obras ocorreu, efetivamente, em 2011, quando o trecho I começou a ser construído. Nessa época, toda a obra era de responsabilidade da empresa VALEC Engenharia, Construções e Ferrovias S/A, que atua fortemente no setor ferroviário.
A projeção de conclusão desse primeiro trecho da via, que seria o pontapé inicial para que tudo fosse terminado rapidamente, era no ano de 2014. Infelizmente, ocorreram atrasos que impossibilitaram que essa meta fosse comprida, dificultando a conclusão do trajeto e do restante da Ferrovia Oeste Leste.
Por conta desses atrasos, a empresa VALEC rompeu seu contrato com o consórcio de construtoras que participavam da construção do trecho I, alegando incorreções nos procedimentos da obra e, efetivamente, descumprimento das obrigações, que geraram esses atrasos significativos.
A partir do rompimento, as obras passaram a se alongar, ocorrendo em ritmo bastante devagar. O prazo máximo de conclusão da obra dado pela VALEC, era no ano de 2018. Entretanto, até essa data, pouco menos de 75% das obras estavam concluídas.
Em relação aos trechos II e III da obra, o projeto caminha ainda mais lentamente. Até o ano de 2019, pouco mais de 32% das obras haviam sido concluídas no trecho II, enquanto o trecho III ainda estava em fase de estudos e avaliações.
Como está atualmente a Ferrovia Oeste Leste?

Por conta dos atrasos persistentes na construção da Ferrovia Oeste Leste, especialmente no trecho I, foi necessário realizar mudanças para que o projeto fosse agilizado.
Dessa maneira, o trecho I, com projeção de 537 km de extensão, e que liga Ilhéus (BA) e Caetité (BA), foi leiloado em em 2021, durante o governo do presidente Jair Bolsonaro.
O leilão foi arrematado pela empresa A Bahia Mineração S/A (BAMIN), mais uma importante empresa de logística nacional, que está buscando se estabelecer no setor ferroviário. No total, a concessão foi cedida pelo valor de R $32.730.000 milhões.
Como a empresa é a proprietária da Mina Pedra de Ferro em Caetité, que juntos ao trecho I da Fiol formam o corredor de exportação de logística integrada, é possível que as obras sejam aceleradas para que a exploração na região seja cada vez mais competitiva.
Entretanto, o panorama atual da Ferrovia Oeste Leste ainda não mudou. No momento, o trecho I da obra segue com cerca de 75% das obras concluídas, o trecho II com pouco mais de 32% e o trecho III ainda está em fase de estudos e análises.
Transporte de cargas e sua importância

Existem diversos objetivos que a Ferrovia Oeste Leste precisa atingir para utilizar todo o seu potencial, como favorecer a multimodalidade de transportes, interligar ferrovias e regiões do país, e poupar recursos no transporte de insumos a longa distância.
Entretanto, o principal propósito da Ferrovia Oeste Leste é aprimorar o escoamento da mineração e da agricultura, principalmente por meio do portuário de Ilhéus na Bahia.
Esse escoamento é fundamental para o crescimento da região Nordeste, e também para aumentar ainda mais a exportação de insumos para fora do país.
A Bahia, que é um dos principais beneficiários da Ferrovia Oeste Leste, por exemplo, é um dos grandes produtores da agricultura nacional. O estado já foi líder na produção de cacau e até hoje se engloba entre os primeiros, é o 4° maior produtor de café do país, é o 2° maior produtor de frutas, 2° maior de algodão, entre outros inúmeros componentes.
Ainda, outros estados do Nordeste, que é a 3° região que mais produz cana-de-açúcar também são importantes para a agricultura nacional, como o Alagoas que é o principal produtor de cana-de-açúcar e o Pernambuco, que é 2° maior nesse quesito.
Por isso, aumentar as alternativas para o escoamento desses e outros tipos de mercadorias, importantes para a economia da região e do país, melhora a competitividade da produção, se tornando fundamental.
Planos futuros para a Ferrovia Oeste Leste

Como dissemos, a construção da Ferrovia Oeste Leste sofreu com atrasos, o que acabou atrapalhando o cronograma das operações. Nesse meio tempo, a via que tinha maiores avanços, foi leiloada, mudando também a administração e a forma como ela será construída daqui para frente.
Apesar disso, as obras foram retomadas justamente por conta desse processo. Nesse momento, a expectativa é que o trecho I da malha FIOL comece a operar em 2025, com previsão de transportar, já em seu primeiro ano, mais de 18 milhões de toneladas de mercadorias, especialmente grãos e minérios de ferro produzidos na região de Caetité.
Na mesma projeção, a expectativa é que esses números dobrem até 2035, quando o carregamento deverá ser de mais de 50 milhões de toneladas por ano.
Em relação a estruturação da via, ela deve contar com mais de 1.400 vagões em 16 locomotivas.
Em relação aos outros trechos da Ferrovia Oeste Leste, as projeções ainda são modestas. O trecho II, que vai de Caetité (BA) a Barreiras (BA), segue sendo construído. Já o trecho III continua no processo de estudos e análises, aguardando, principalmente, o licenciamento de instalação por parte do Ibama para que as obras sejam iniciadas.
Conclusão
Mais uma ferrovia importante do Brasil, que segue em processo de construção, a Ferrovia Oeste Leste ganhou novos rumos nesse ano, com o leiloamento da concessão do trecho I da via para a empresa BAMIN, que investe pesado na região. Dessa maneira, podemos concluir com o artigo, que as expectativas de um possível final para a obra do trecho, e também das outras partes da via, foram renovadas. Com isso, é provável que, nos próximos anos, a Ferrovia Oeste Leste seja finalizada, ajudando no crescimento do escoamento de cargas, especialmente na região Nordeste.