
Transporte ferroviário de cargas: tudo sobre
Para um país de dimensões como o Brasil, o transporte ferroviário de cargas se mostra uma excelente opção, visto a sua capacidade de transportar grandes quantidades de produtos a granel, com eficiência energética e segurança.
As vantagens deste modal aumentam com os corredores especializados, que permitem o desenvolvimento de setores específicos à margem da linha ferroviária, como indústrias e produtores agrícolas.
Porém, após o seu auge, o transporte ferroviário não acompanhou as transformações geradas pelo crescimento do mercado interno e a industrialização acelerada do século XX. O seu desuso se deu também pela preferência pelo transporte rodoviário, que arrecadou mais investimentos e gerou uma dependência de matrizes de transporte no Brasil.
Contudo, o cenário atual é de que o transporte ferroviário passa por uma transformação com base em investimento a longo prazo, sob um projeto público de integrar os modais de transporte terrestre e marítimos.
Veja tudo sobre o transporte ferroviário de cargas neste artigo:
Índice do Conteúdo
Importância do transporte ferroviário de cargas

As estradas de ferro revolucionaram o transporte do século XIX, à medida em que “encurtaram” as distâncias entre os polos de produção industrial e o seu mercado, o que também proporcionou o desenvolvimento em diversos setores que contribuíram para o crescimento econômico dos países que aderiram à este modal de transporte.
Com o Brasil não foi diferente, pois a sua primeira ferrovia foi construída em 1854, no Rio de Janeiro e abriu portas para que outras estradas de ferro fossem instaladas em solo nacional, ao ponto de estimular o crescimento da produção cafeeira, o produto de maior contribuição à economia brasileira na época.
A Estrada de Ferro Mauá, como era chamada a primeira ferrovia, foi o pontapé inicial para que o transporte ferroviário de cargas desse passos largos em direção ao desenvolvimento de tal forma, que até a década de 1930, o modal ferroviário era predominante até mesmo para o transporte urbano, contribuindo para o crescimento de cidades às margens das linhas, no interior dos estados.
O que motivava tanto investimento nos trens é a sua capacidade de transportar toneladas de produtos, com alta eficiência sobre longas distâncias, além da segurança e o custo energético baixo, se comparado com caminhões.
Entretanto, com o investimento em rodovias desde o início do século XX, a malha ferroviária passou por uma contração até que os investimentos caíssem, com muitas delas se deteriorando, resultando em um desequilíbrio que sobrecarrega o modal rodoviário até hoje.
Tipos de cargas

Mesmo com o desequilíbrio entre matrizes de transporte nacional, o transporte ferroviário de cargas ainda tem relevância para o escoamento de produtos agrícolas, siderúrgicos, industriais e, até mesmo, para a exportação, já que a malha ferroviária dá vazão para os portos nacionais.
Atualmente há uma demanda pelo transporte ferroviário de cargas de baixo valor agregado, que dependem de veículos que suportam pesos elevados, deslocando-os em médias e grandes distâncias.
De acordo com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), os principais produtos escoados sobre os trilhos são:
- Cimento
- Cal
- Calcário
- Minério de ferro
- Cimento Clínquer
- Carvão mineral
- Containers
- Derivados de petróleo
- Produtos siderúrgicos
- Grãos
Os principais motores para o investimento em ferrovias neste momento são o açúcar, com 50% da sua produção circulando por trens e o minério de ferro, com 92%. De acordo com a ANTT, em 2019 a exportação foi beneficiada pelos trens, que escoaram 40% dos produtos agrícolas até os portos brasileiros.
Investimentos no modal ferroviário

O papel atribuído ao transporte ferroviário de cargas há muitos anos é de retornar à sua potência, que decaiu desde o início do século XX. As concessões ferroviárias representaram um alívio ao poder público, durante os anos 90, quando a malha de todo o país se encontrava danificada, com serviços ineficientes e o aumento da dívida pública.
Com investimentos do setor privado, através de concessões, o transporte ferroviário de cargas aumentou a sua capacidade, chegando a ser a sexta maior rede do mundo. Entretanto, a sua produtividade e densidade ainda estão aquém dos principais sistemas ferroviários internacionais.
A expectativa é de que o crescimento seja fomentado por mais investimentos do setor privado, para aumentar a malha ferroviária, integrar os diferentes modais de transporte terrestre, inserir cargas não dependentes (cargas gerais e granéis líquidos), regulamentar a tecnologia e materiais que compõem os trens e trilhos, entre outros benefícios.
Com a iniciativa do Governo Federal e o Projeto de Parcerias e Investimentos (PPI), duas ferrovias importantes estão em fase de crescimento através das concessões. A primeira é a Ferrovia de Integração Leste-Oeste (Fiol), que concedeu o direito de operação da superestrutura à Bahia Mineração em um longo trecho, em abril deste ano.
Espera-se que até 2023, outros dois trechos sejam leiloados para empresas do setor de transporte ferroviário de cargas. Juntamente ao crescimento da Fiol, a Ferrogrão se expandirá em um projeto ainda maior, com expectativa de ligar commodities agrícolas do norte do Mato Grosso aos portos do Pará, com previsão de R$ 20 bilhões investidos.
Transporte ferroviário de cargas em 2021

De acordo com o levantamento da Associação Nacional dos Transportes Ferroviários (ANTF), em março de 2021, as ferrovias nacionais elevaram em 15% o volume transportado, se comparado com o mesmo mês do ano anterior.
Este indicativo de crescimento é acompanhado do aumento de desempenho, medido por tonelada por quilômetro útil (TKU), que também saltou para 30,1% se compararmos março deste ano com o mesmo mês em 2020. Para a ANTT, as concessões mais recentes têm impacto direto no escoamento de produtos internos.
As concessões da Vale na Estradas de Ferro Carajás (EFC) e da MRS Logística sustentaram o crescimento do transporte ferroviário de cargas do setor de minério de ferro, enquanto os granéis agrícolas foram atendidos, principalmente, pelas concessões da Ferrovia Centro Atlântica (FCA) e as malhas Paulista, Norte, e Sul da companhia Rumo Logística.
Desta forma, a ANTT ressaltou que, também em março, os principais produtos que mais movimentaram o transporte ferroviário de cargas foram a soja, produtos siderúrgicos, combustíveis, minério de ferro, açúcar e celulose, se comparados com o seu desempenho em fevereiro.
Conclusão
O transporte ferroviário de cargas já passou por oscilações em relação à sua condição e influência na distribuição de produtos internos, tendo agora, uma reformulação necessária para alcançar um sistema de transporte mais refinado e competitivo, que interligue os diferentes tipos de veículos e desenvolva a economia brasileira novamente.
Fontes:
https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/conhecimento/noticias/noticia/ferrovias
https://portogente.com.br/portopedia/112739-ferrovias-importancia-para-o-transporte-de-carga
https://portogente.com.br/noticias/dia-a-dia/108094-diversificacao-da-matriz-de-transporte