
Descubra o que esperar do futuro de transporte de cargas no Brasil
O transporte de cargas no Brasil é uma modalidade fundamental da cadeia produtiva, visto que, é através dele que os itens saem dos setores produtivos e chegam até os compradores.
A composição do transporte de cargas no Brasil muda muito com o passar do tempo. Se pensarmos 100 anos atrás, encontramos um cenário completamente diferente, onde os aviões ainda estavam sendo trabalhados e as ferrovias eram o principal modal de transporte do país.
Hoje, as rodovias, são responsáveis por mais de 60% das cargas transportadas todos os anos, é disparado o setor de transporte que mais movimenta cargas no país.
Mas será que continuará assim nos próximos, décadas e séculos? Bom, aqui tentaremos entender o que esperar do futuro de transporte de cargas no Brasil, levando em conta uma série de transformações que vêm ocorrendo em diferentes setores de transporte, o panorama econômico e social do país, e a forma como esses modais vêm sendo utilizados.
Índice do Conteúdo
Linha do tempo

Para projetar um futuro para o transporte de cargas no Brasil, é preciso entender como chegamos até esse momento, e o panorama não é muito difícil de ser traçado.
O Brasil foi colonizado ainda no século XV, quando os portugueses chegaram ao país, que era apenas uma ilha “desconhecida”. Nesse período, e nos próximos 3 séculos, os navios e barcos eram os únicos veículos de transporte existentes. Nas ruas das colônias, o único meio era o transporte de tração animal.
O cenário mudou apenas no século XIX, quando as primeiras ferrovias do Brasil começaram a ser construídas. A partir daí, o transporte de cargas no Brasil passou a ser mais rápido e eficiente, mesmo que estando muito no começo.
Com as ferrovias, que foram construídas nas principais regiões produtoras do país e, principalmente, perto dos portos, o escoamento de cargas para o abastecimento regional e a exportação ganharam um novo significado.
Algumas décadas depois, outros modais de transporte, como o aéreo e o rodoviário começaram a ser desenvolvidos. A princípio, de forma tímida.
No começo do século XX, o setor ferroviário tomava conta do transporte de cargas no Brasil, principalmente para movimentar o café, que era o principal produto comercial da época.
As mudanças mais bruscas, que fizeram com que esse panorama mudou completamente, correram em meados da década de 60, quando os investimentos na indústria do automobilismo e construção de estradas cresceram consideravelmente, e o setor rodoviário começou a dar indícios que se tornaria o principal modal de transporte de cargas no Brasil .
Desde então, o cenário segue esse: o setor rodoviário é o mais utilizado, com mais da metade das cargas transportadas. O ferroviário, que já foi, durante muito tempo, o principal modal, sofreu durante muito tempo com a falta de investimentos e o sucateamento das linhas férreas do país.
Cenário atual do transporte de cargas no Brasil

O cenário atual do transporte de cargas no Brasil nos mostra uma grave dificuldade de desenvolvimento e crescimento significativo para o setor, por diversos motivos.
Primeiramente, o desequilíbrio relacionado a utilização dos modais de transportes de cargas é algo que dificulta o aprimoramento dessa prática.
Enquanto em países desenvolvidos, com proporções territoriais tão grandes quanto a nossa, como Estados Unidos e China, em que os modais de transporte são bem divididos, aqui no Brasil existe uma clara preferência pelo setor rodoviário, que chega a ser exagerada.
Sim, o setor rodoviário proporciona bastante diversificação no transporte de cargas no Brasil, pois permite que empresas e produtores de todos os tamanhos e de todos os segmentos consigam transportar suas cargas.
Entretanto, a considerável falta de pavimentação das estradas (apenas 13% das estradas são pavimentadas) e os altos custos de logística de transporte pelas rodovias fazem com que esse cenário atual seja preocupante.
Mas, será que há solução? O futuro do transporte no Brasil
Um dos aspectos sempre discutidos por especialistas em logística é a diversificação do transporte de cargas no país.
Aqui, em que existe uma clara dependência do modal rodoviário para a movimentação de insumos de todos os segmentos, fazem com que os produtores tenham que ficar à mercê do bom funcionamento das rodovias, o que em muitos casos não acontecem.
Dependendo da região em que você atua, a condição das rodovias é muito precária e, muitas vezes, não chega até onde você deseja. Além disso, outros fatores, como o preço do combustível, frete e do pedágio, que sobem a cada ano, também influenciam diretamente na falta de ânimo pelo uso das rodovias no momento atual.
Nesse sentido, uma das soluções sempre apresentadas em discussões como essa, é passar a valorizar mais outros modais de transporte de cargas no país.
Para o setor do agronegócio, por exemplo, que é um dos principais movimentadores econômicos do país, as ferrovias se apresentam como um dos melhores modelos de transporte, pois permitem viagens mais rápidas, com custos menores e menos chance de desperdício de produtos.
Ampliação tecnológica

Outro fator que pode influenciar e muito o modo como os transporte de cargas no Brasil será utilizado nos próximos anos, independentemente de qual modal de transporte estamos falando, é o implemento e a ampliação das tecnologias nessas práticas.
Cada ano que passa as tecnologias se renovam. O que funciona em um ano, rapidamente se torna obsoleto e precisa ser renovado.
A ampliação do uso da tecnologia nos diferentes modais de transporte do país mostram que o cenário pode melhorar em um futuro próximo.
Além do uso de aparatos tecnológicos para melhorar as condições das vias de transporte e nos veículos, como trens e caminhões, a tecnologia também está sendo muito utilizada para criar soluções de planejamento e logística mais estruturadas, ajudando a aumentar a eficiência organizacional das empresas produtoras e das que administram os transportes nacionais.
Diminuição dos processos burocráticos

Para que os transportes de cargas no Brasil se desenvolvam cada vez mais, é fundamental que a burocracia seja diminuída.
Atualmente, o Brasil é um país que abusa de processos burocráticos, em diferentes áreas. Para o transporte de cargas, especialmente os que serão exportados e os que são importados, existe uma ampla burocracia em cima dos produtos, o que acaba atrasando as demandas e dificultando a criação de uma estratégia direcionada.
É importante tentar combater essa burocracia que envolve a logística de transportes, só que, muitas empresas têm dificuldades em fazer isso, principalmente aquelas que tentam desenvolver um sistema da utilização do transporte por conta própria.
Por conta da falta de entendimento dos processos logísticos, as empresas não conseguem diminuir a lentidão gerada pela burocracia, e acabam tendo dificuldades no crescimento.
Uma solução viável e que vem crescendo cada vez mais, é a terceirização da logística de transporte das empresas. Terceirizando esse serviço, você contrata uma empresa que entende tudo do assunto e que terá dedicação total a essa etapa da produção, ajudando a melhorar o planejamento e a logística interna e externa da empresa.
Quais as projeções?

Atualmente é difícil fazer projeções de melhoras, pioras ou estagnação dos transporte de cargas no Brasil. Em um cenário pandêmico, em que todas as instâncias produtivas e comerciais foram drasticamente afetadas, é necessário esperar as condições voltarem ao normal para ter uma previsão mais bem elaborada.
Nos primeiros meses da pandemia, por exemplo, o setor rodoviário de cargas sofreu com queda de mais de 40% da produtividade. Depois do afrouxamento das restrições e retomada do trabalho, esse número começou a ser ajustado, mas sem retomar totalmente o cenário mais favorável.
Existe a expectativa que, de acordo com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), esse cenário de dependência das rodovias seja reduzido nos próximos anos.
Atualmente, as rodovias representam basicamente ⅔ da matriz de transporte nacional, mas a perspectiva é que até 2025, o setor rodoviário, ferroviário e aquaviário passem a trabalhar em pés de maior igualdade, representando cerca de ⅓ cada um.
Esse fator já seria um bom começo para que o transporte de cargas no Brasil passasse a se aprimorar, qualificando todos os segmentos e modais de transporte, e trabalhando para o crescimento das empresas produtoras.
De maneira ativa, para aprimorar ainda mais esses setores, especialmente o modal ferroviário e o rodoviário, é possível encontrar alguns projetos que estão em andamento, com previsão de entrega nos próximos anos.
Para as rodovias, acessando o site da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), do Governo Federal, você encontra quais são as rodovias que estão em processos de construção, que podem estar em diferentes fases, como na parte da licitação, caso das rodovias BR-153/414/080/TO/GO e BR-163/230/MT/PA, e outras que estão em fases de estudos.
No começo do ano de 2021, uma notícia que agitou o mercado de investimentos rodoviários, foi o lançamento do projeto da construção de uma nova ferrovia em São Paulo, com destino ao Porto de Santos, que é um dos principais portos do país, ajudando ainda mais no escoamento de cargas da região e melhorando o fluxo para a cidade praiana
No momento, o governo do estado de São Paulo segue buscando investidores para que esse novo projeto possa ser posto em prática.
Já em relação às ferrovias, também podemos encontrar uma série de projetos que estão em andamento, alguns já em fase de construção e outros ainda passando por uma série de estudos.
A ideia de construir novas ferrovias é justamente ampliar a capacidade do setor ferroviário, diminuindo a dependência das rodovias e aprimorando o escoamento de cargas em diversas regiões.
Apesar de enfrentar empecilhos no meio do caminho, como projetos travados em instâncias jurídicas, atrasos na finalização da obra e falta de verbas, a construção de novas ferrovias pode ser fundamental para o futuro do transporte de cargas no Brasil, e as instâncias governamentais apostam muito nisso. Nesse sentido, os principais projetos em andamento são:
- Ferrogrão – EF-170;
- Ferrovia de Integração Oeste Leste (FIOL) – EF-334;
- Ferrovia Transnordestina;
- Nova Ferroeste;
- Ferrovia Norte-Sul (projeto de expansão da malha).
É importante destacar que, a Ferrovia de Integração Oeste Leste (FIOL) – EF-334, por exemplo, é um projeto construtivo que já está em sua fase final. De acordo com a ANTT, a expectativa é que o contrato seja fechado no terceiro trimestre de 2021, dando início às obras da construção da FIOL nos meses seguintes.
Por fim, outro destaque que é importante, é a expectativa em torno do projeto de lei do novo marco para as ferrovias. Esse projeto está parado no Senado desde 2018, e a projeção é que ele seja votado e aprovado ainda no ano de 2021, seguindo para a votação da câmara federal.
Caso seja aprovado por todas as instâncias da esfera legislativa e executiva, o novo marco para as ferrovias possibilita que empresas do setor privado invistam na construção de ferrovias para interesse próprio, sem depender do aval e de licitações do Governo Federal, que é o modelo que rege o setor atualmente.
Com isso, a ideia é que os investimentos nesse setor cresçam cada vez mais e que as frotas e malhas ferroviárias sejam ampliadas, melhorando, consideravelmente, o escoamento de mercadorias no transporte de cargas no Brasil.
Conclusão sobre transporte de cargas no Brasil
Apesar de existir uma dificuldade em realizar projeções para o transporte de cargas no Brasil, principalmente por conta da pandemia, existe uma expectativa animadora sobre a forma com os transportes serão utilizados nos próximos anos. Os investimentos seguem em crescimento, tanto por parte do governo, como por parte da iniciativa privada. Dessa maneira, é importante aguardar, mas há caminhos que podem ser percorridos que aceleram esse processo de melhorias no transporte de cargas nacional.
Fontes: