
A importância da ferrovia na exportação agropecuária brasileira
A agropecuária é uma das principais bases da economia do Brasil. Na verdade, o termo reúne duas atividades econômicas fundamentais: o cultivo de plantas e a criação de animais. Ambas são especialmente importantes para a economia, pois se enquadram no setor primário, isto é, permitem a produção de matérias-primas e de recursos direcionados ao consumo humano. Apesar desses produtos primários poderem ser destinados ao abastecimento do mercado interno, a exportação agropecuária brasileira é um dos protagonistas do desenvolvimento econômico do país.
Atualmente, com os avanços tecnológicos cada vez mais frequentes na produção agropecuária, o setor tem crescido consideravelmente. Para entender melhor a importância da atividade agropecuária brasileira, assim como o seu papel no mercado internacional, preparamos um artigo com tudo sobre o assunto.
Índice do Conteúdo
Principais produtos da agropecuária brasileira

Antes de entender como é realizada a exportação agropecuária brasileira, vamos conhecer quais são os principais produtos gerados por essa atividade econômica.
A soja é o carro-chefe do agronegócio brasileiro. Segundo uma pesquisa divulgada pela Secretaria de Comércio e Relações Internacionais (SCRI) a safra de 2021 atingiu a marca de 136 milhões de toneladas, rendendo cerca de US$ 44,5 bilhões. É válido lembrar que a produção de soja não se resume apenas ao grão, mas também engloba o farelo e o óleo.
Outro produto agrícola fundamental para a balança comercial nacional é o café. Entre janeiro e setembro de 2021, foram mais de 29 milhões de sacas de 60kg comercializadas, gerando uma receita de US$ 4,17 bilhões.
Apesar da diminuição na produção do milho, por causa das secas, ainda foram exportadas cerca de 20 milhões de toneladas durante a safra do ano de 2021, rendendo US$ 7,34 bilhões.
Pensando especificamente no lado da pecuária, a carne bovina atingiu o recorde de US$ 7,4 bilhões em vendas, sendo que, no início de 2022, o Brasil exportava por volta de 7 mil toneladas por dia. Uma das razões para o aumento foi o fato de a China ter voltado a comprar carne bovina do Brasil.
Já a carne de frango foi o 7º produto mais exportado pelo país em 2021, totalizando 4,2 milhões de toneladas, o que rendeu por volta de US$ 6,4 bilhões para o Brasil.
Tipos de sistemas agropecuários

No Brasil, há produtores na área de agropecuária de diversos portes, por isso, essa atividade pode ser realizada através de três tipos de sistemas: a extensiva, a intensiva e a intensiva com mão de obra.
Primeiramente, a agropecuária extensiva é aquela exercida por produtores familiares, sendo que a tecnologia é pouco utilizada ou quase inexistente. Nessa modalidade, a produção é baixa e a mão de obra é, em sua maioria, familiar. Esse é um sistema mais antigo e utiliza técnicas mais tradicionais, sendo que o principal destino dos produtos é o abastecimento regional.
Por outro lado, a agropecuária intensiva tem índices maiores de produtividade e substitui grande parte da mão de obra humana por recursos tecnológicos, como máquinas agrárias, fertilizantes, agrotóxicos e o confinamento de gado. Esse sistema, por ter uma maior capacidade de produção, se dedica à exportação agropecuária brasileira.
Por fim, a agropecuária intensiva com mão de obra é um tipo de meio termo entre as duas anteriores. Nesse caso, a mão de obra humana é o principal, porém, ela também pode utilizar alguns recursos tecnológicos para impulsionar a produção.
A importância da atividade agropecuária no Brasil

Como foi dito na introdução, a agropecuária é um dos alicerces da balança comercial do país. Segundo um estudo realizado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a parcela ocupada pela agropecuária no PIB nacional em 2021 é de 28%, o que revela um aumento em comparação ao valor atingido em 2020, de 26,6%.
No ano de 2021, o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) chegou à marca de R$ 1,129 trilhão, o que revela um aumento de 10% do valor arrecadado no ano anterior. A agricultura constitui a maior parte, com 68%, somando R$ 768,4 bilhões. Enquanto a pecuária compõe o restante do valor, rendendo R$ 360,8 bilhões.
O ranking do VBP entre as regiões fica da seguinte maneira, da maior produtora para a menor: Região Centro-Oeste com R$ 365,8 bilhões; Região Sul com R$ 314 bilhões; Região Sudeste com R$ 261,9 bilhões; Região Nordeste com R$ 100,1 bilhões e a Região Norte com R$ 72,8 bilhões.
Sobre os principais alvos da exportação agropecuária brasileira, a China fica em primeiro lugar com 32,4%. A União Européia é o segundo maior comprador, com 15%, e, em terceiro lugar, os Estados Unidos, com 7%.
A estimativa para o ano de 2022 é otimista. Segundo o levantamento divulgado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Mapa, o VBP esperado é de R$ 1,162 trilhão, o que mostraria um aumento de 2,9% em relação ao ano anterior.
O papel das ferrovias na exportação agropecuária brasileira

Segundo um estudo realizado conjuntamente pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) e o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), as ferrovias têm ganhado cada vez mais espaço na exportação agropecuária brasileira. Por exemplo, o transporte rodoviário de soja caiu de 74,7% para 67,4% entre 2010 e 2019. Enquanto o modal ferroviário cresceu de 20,2% para 24% no mesmo período.
Como vimos no tópico anterior, a maior parte da produção agropecuária do país está situada no Centro-Oeste. Isso aliado ao fato de que a maioria das exportações é realizada através dos portos banhados pelo Oceano Atlântico – como o Porto de Santos, por exemplo – indica que existe um longo caminho a ser percorrido pelos produtos do setor.
Dito isso, as ferrovias administradas pela Rumo Logística, que ligam áreas produtoras do Mato Grosso até o Porto de Santos, são uma das malhas mais utilizadas para a exportação de produtos agropecuários, como a soja, o milho e o algodão, principalmente.
Além da Rumo, a malha operada pela MRS Logística também é uma das principais no escoamento de milho e café, por conectar os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Conclusão
Os investimentos recentes por iniciativa privada para a construção e expansão da malha ferroviária têm mostrado que o modal ferroviário está nos interesses do agronegócio. Foi possível concluir que a exportação agropecuária brasileira continua sendo um dos alicerces da economia do país e pode ganhar ainda mais força com a diminuição da dependência do modal rodoviário.