Logística

Expansão do agronegócio e a ferrovia

Englobando diversos setores de produção, como a agricultura e a pecuária, o agronegócio é uma das principais atividades econômicas do país e segue em crescimento.Em 2019, o PIB do agronegócio subiu cerca de 3,8%, atingindo a marca de 20% de todo o PIB brasileiro. Já em 2020 a expansão do agronegócio foi ainda maior, cerca de 6,5% até o mês de outubro. Desse número, 68% corresponde à agricultura e os outros 32% correspondem à pecuária.

Em reais, os valores são bastante expressivos. Cerca de 1,06 trilhão de reais é o valor correspondente à agricultura, e R$494,8 bilhões correspondem à pecuária, números esses estipulados no final de 2019.

A exportação de produtos para fora do Brasil é o principal modelo de crescimento do econômico nacional e a expansão do agronegócio faz com que essa atividade seja a maior exportadora do país.

Tendo a soja como principal produto exportado, o Brasil atingiu cerca de R$26 bilhões em exportação desse insumo no ano de 2019, sendo que cerca de 70% deste total foram enviados para a China, grande parceira econômica do país.

Mesmo com problemas relacionados à pandemia da Covid-19, que afetam diretamente a economia do Brasil, o agronegócio é uma das poucas atividades que resistiu fortemente nos últimos meses, em que o país enfrentou a quarentena e uma grande queda de empregos e consumo populacional.

Segundo a pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), Nicole Rennó, o crescimento do PIB do agronegócio em 2020, mesmo com os problemas que atingem o país, podem ser explicadas por diversas razões.

Desde a sustentação da oferta e demanda, uma excelente safra agrícola nesse período e até o recebimento do auxílio emergencial da população, possibilitando que as pessoas continuasse a comprar produtos vindos do agronegócio, são motivos que podem explicar a manutenção da expansão do agronegócio no Brasil.

Em um levantamento realizado pelo Ministério da Agricultura, em julho de 2020, apontou que o setor exportou no mês cerca de 50% de todos os produtos exportados do país, equivalente a R$10 bilhões.

Expansão do agronegócio e Logística de transporte

Expansão do agronegócio e  Logística de transporte

Os números relacionados ao agronegócio seguem melhorando cada vez mais, mas pesquisadores da área apontam que poderiam ser ainda maiores, se o Brasil tivesse uma logística de transporte que atendesse todas as demandas do setor, principalmente o modal ferroviário.

Nos últimos anos os números de cargas transportadas nos principais modelos de transporte, rodovia e ferrovia, se mantiveram desbalanceados. As rodovias representam cerca de 61% de todas as cargas movimentadas, enquanto as ferrovias apenas um pouco mais de 20%.

Esse é um número que representa bem a dificuldade da expansão do agronegócio, e explicaremos o porquê.

Com o setor rodoviário sendo o principal modelo de transporte do país e inclusive do agronegócio, os custos logísticos são bastante elevados, por alguns fatores principais, como o preço do frete, a velocidade das viagens, o tamanho da carga por veículo transportado e o tempo de demora da viagem.

O preço do frete das rodovias é consideravelmente maior do que o das ferrovias. De acordo com a diretoria da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), o frete ferroviário equivale a 50% do rodoviário.

Outro fator determinante que atrapalha o escoamento de cargas do agronegócio, e consequentemente dificulta a expansão do agronegócio, são as longas distâncias de algumas regiões produtoras para os portos nacionais.

A região Centro-Oeste, por exemplo, que vem participando da expansão do agronegócio, poderia estar melhor posicionada nos rankings de exportadores de produtos agro, mas por conta das grandes distâncias para os principais portos do país, como o Porto de Santos, atrelados aos custos excessivos do transporte rodoviário, esse crescimento é dificultado.

Como melhorar a situação?

Como melhorar a situação?

A resposta dessa pergunta está totalmente ligada com o crescimento e o balanceamento dos principais modais de transporte do Brasil.

Esse desbalanceamento é um dos grandes fatores que atrapalham o escoamento de produtos do agronegócio para as principais regiões do país e também para a exportação, visto que os custos de logística das rodovias é consideravelmente maior do que o das ferrovias, dificultando a expansão do agronegócio.

Dessa maneira, a solução apresentada por especialistas, frequentemente debatida em encontros governamentais, é que a expansão do agronegócio passa pelo crescimento do setor ferroviário de transporte.

Atualmente o Brasil possui cerca de 29 mil km de extensão de linhas férreas, o que seria um valor aceitável para o atual momento do país. O problema é que, graças às políticas implementadas nas últimas décadas, que priorizaram o setor rodoviário, boa porcentagem dessa extensão foi sucateada.

A estimativa é de que apenas 10 mil km estejam em condições totais para o escoamento dos produtos, não só apenas dos relacionados ao agronegócio, mas também de insumos siderúrgicos, minerais e petrolíferos.

De acordo com um estudo realizado pelo Instituto de Engenharia em 2020, essa foi a principal conclusão que os pesquisadores encontraram para o avanço da expansão do agronegócio, por algumas razões importantes.

Entre os principais apontamentos do estudo, a longa distância dos estados localizados mais acima dos portos da região sudeste e a diferença entre a quantidade de cargas carregadas entre um trem e um caminhão são motivos mais relevantes para que o modal rodoviário não seja o mais indicado para a expansão do agronegócio.

Para se ter uma ideia, a distância entre Cuiabá, capital do Mato Grosso, estado importante para o agronegócio brasileiro, e o principal porto do país, o Porto de Santos, é de mais de 1,600 km. Uma viagem de caminhão entre as duas cidades pode demorar mais de 20 horas.

Essa demora expressiva se dá principalmente pelas condições das rodovias, muitas vezes problemáticas, com curvas constantes e tráfego congestionado. Uma mesma viagem em uma ferrovia diminui o tempo levado, pois não haveria trânsito na via e o percurso seria mais uniforme.

Outra comparação importante realizada pelo Instituto é em relação à capacidade de transporte dos dois modais. Um trem, com 134 vagões, tem a mesma capacidade de transporte de 500 carretas de minérios. Ou seja, naturalmente os custos com manutenções, fretes e combustível são muito maiores no setor rodoviário.

Esses números apontam para uma grande vantagem do setor ferroviário e a expansão do agronegócio está atrelada ao crescimento das linhas ferroviárias. Enquanto não houver grandes investimentos na reestruturação de ferrovias sucateadas e na criação de novas linhas que atendam essa demanda, o agronegócio e consequentemente o Brasil continuará sendo prejudicado.

Conclusão

Podemos perceber ao longo do artigo que a expansão do agronegócio está atrelada ao fortalecimento do setor ferroviário de transportes. Os custos gastos com o setor rodoviário, que predomina o transporte de insumos do agronegócio, são bastante elevados, o que prejudica o escoamento de cargas dessa atividade financeira tão importante para economia do país.

FONTES: https://pordentrodoagro.com.br/regioes-agricolas-brasil/

https://www.metro1.com.br/noticias/brasil/55597,mais-de-60-das-cargas-brasileiras-sao-transportadas-em-rodovias+

https://www.cnabrasil.org.br/cna/panorama-do-agro#:~:text=Em%202019%2C%20a%20soma%20de,R%24%20494%2C8%20bilh%C3%B5es.

https://brasilescola.uol.com.br/geografia/agronegocio.htm

https://www.cepea.esalq.usp.br/br/pib-do-agronegocio-brasileiro.aspx

https://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2020/09/23/pib-do-agronegocio-do-brasil-cresce-526-no-1o-semestre-diz-cna.ghtml

https://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2020/09/01/agronegocio-passa-ileso-a-tombo-recorde-do-pib-no-2o-trimestre.ghtml

https://www.folhadelondrina.com.br/folha-rural/estudo-indica-uniao-da-ferrovia-com-o-agronegocio-para-desenvolver-o-pais-3016436e.html

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