Logística

O que é o corredor bioceânico?

De acordo com levantamentos da Confederação Nacional de Transporte (CNT), o transporte de cerca de 60% das cargas movimentadas em todo o Brasil, e de 90% das pessoas nas cidades, é feito por modais rodoviários. Dessa forma, podemos compreender bastante a importância desse setor para o país.

Desde meados da década de 60, no período dos governos militares, os investimentos passaram a subir exponencialmente, fazendo com que esse setor fosse priorizado em relação aos transportes ferroviários, por exemplo. 

A divisão das áreas rodoviárias é feita de maneira semelhante em relação aos ferroviários, por meio de concessões. Dessa forma, uma parte da malha rodoviária é controlada pelo poder público e outra pelo setor privado.

Segundo os dados da CNT, o Brasil tem uma extensão de mais de 1,7 milhões de km de malha rodoviária. Apesar da enorme extensão, uma das maiores do mundo, as rodovias e estradas passam por diversos problemas, como por exemplo a falta de pavimentação, uma vez que apenas cerca de 105 mil km da extensão rodoviária é pavimentada. 

Apresentamos todo esse panorama de contextualização para a partir de agora passarmos a falar do nosso ponto principal, que é o projeto do corredor bioceânico. Você sabe o que é isso? Bom, caso não saiba e queira entender melhor sobre o que estamos falando, é só continuar com a gente. 

Corredor Bioceânico

corredor bioceânico

O corredor bioceânico é um projeto de construção de uma ampla quilometragem rodoviária que interliga diversos países sul-americanos. A criação se dá a partir da necessidade dessa conexão, que aumentaria a produção e o abastecimento portuário dos locais contemplados pelo trajeto.

A projeção é de que o corredor bioceânico tenha mais de 4400 km de extensão, começando no porto de Santos e passando por vários estados brasileiros até alcançar países vizinhos como o Paraguai, a Argentina e o Chile. A intenção também é unir a exportação e a importação ocorrida nos oceanos Atlântico e Pacífico.

Outro ponto favorável para a apresentação do projeto é que países como o Paraguai e Bolívia, que não têm acesso ao mar, teriam formas de aumentar o escoamento de suas produções, conectando-se com os portuários do Chile e do Brasil.

A importação seria facilitada também para o mundo asiático, principalmente para a China, que é uma nação fortemente interessada nessa construção e que, inclusive, prometeu realizar uma série de investimentos no corredor bioceânico, já que o país sairia plenamente beneficiado com o aumento da importação de produtos sul-americanos, principalmente do Brasil, que desde muito tempo é um forte parceiro econômico da China. 

O turismo também é outro ponto apresentado para que haja mais certeza na efetivação da construção, já que a rota passará por diversos pontos em que são encontradas belas paisagens que, consequentemente, são pontos bastante atrativos para a atividade turística.

Estagnação 

Estagnação

O projeto, abordado já há algum tempo, infelizmente está estagnado. Isso se dá principalmente pelas constantes mudanças governamentais nos países envolvidos, a troca de ideologias e de posicionamento, bem como pelas prioridades estabelecidas pelos governantes.

A Bolívia e o Brasil são os principais pontos nesse aspecto. A forte instabilidade política, com a derrubada do presidente boliviano e as incertezas que o país passa fizeram com que o plano fosse deixado de lado. Já no Brasil, a mudança governamental proporcionadas pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, em 2016, aliada à troca total de ideologia do governo atual em relação aos anteriores fez com que o projeto travasse.

O Brasil passa também por uma instabilidade em relação às parcerias com a China, já que o atual governo vem modificando as práticas de parceria com o país, gerando uma forte incerteza com relação aos investimentos no corredor bioceânico por parte da nação chinesa. 

Outro aspecto importante que envolve uma série de problemáticas é o impacto ambiental que essa construção terá. A rota passará por pontos importantes como a mata atlântica e o pantanal. Dessa forma, é necessário que haja o desmatamento e que também ocorra mudanças na composição do pantanal. Isso poderia ser muito prejudicial, tanto para o ecossistema e para os animais, como para as tribos indígenas que habitam as regiões próximas e que dependem da alimentação obtidas através da pesca. 

Além disso, aqui no Brasil o corredor  bioceânico gera uma série de debates e muitas pessoas apontam que essa construção é bastante controversa, principalmente pelo fato de que o Brasil seria o principal investidor da obra e já que facilitaria a transportação de cargas e a importação para outros países sul-americanos, o Brasil estaria desperdiçando recursos. 

Benefícios do corredor bioceânico

Benefícios do corredor bioceânico

De acordo com estudos realizados pelo próprio governo brasileiro sobre a elaboração do corredor bioceânico, pode haver uma diminuição significativa do custo comercial em relação à importação e à exportação para países como a China, chegando em até 25% de redução.

Dessa forma, o projeto se apresenta como forte potencial para melhoria econômica, já que diminuindo esse custo, os recursos podem ser remanejados para outros pontos prioritários. Além disso, a criação do corredor bioceânico ampliaria as opções de escoamento das cargas brasileiras.

Previsões

Previsões

Apesar de o projeto ainda não estar sendo totalmente aplicado, alguns pontos que envolvem o projeto já têm previsão de serem iniciados e finalizados. Em 2019, o diretor de planejamento do Departamento Nacional de Infraestruturas em Transporte (DNIT) explicou que a construção do corredor bioceânico terá início em 2021, com a construção de uma ponte que interliga o município de Porto Murtinho até Carmelo Peralta, no Paraguai. Além disso, no mesmo período estarão ocorrendo obras para a expansão das rodovias que também farão parte da composição do corredor bioceânico, como a BR-267. 

Ferrovia transoceânica

Ferrovia transoceânica

Para finalizar, é importante comentarmos acerca de uma construção que também está em fase de projeção para outro importante setor de transporte no país, que é o setor ferroviário. Assim como o corredor bioceânico, a ferrovia transoceânica também visa a conexão dos países sul-americanos para ampliar as possibilidades de abastecimento dos portos dos locais envolvidos. Essa malha tem planejamento para interligar o Brasil e o Peru, aumentando a extensão ferroviária brasileira.

Do mesmo jeito que o corredor bioceânico encontra dificuldades para ser efetivado, assim ocorre com a ferrovia transoceânica, que também passa por uma série de inseguranças para as pessoas envolvidas no projeto. Por isso, ele ainda não está em uma fase plena de construção. Alguns pontos estão em uma discussão mais avançada, principalmente no que se refere a parte logística, pois pretendem ser construídos independentemente da efetivação da ferrovia transoceânica. 

Conclusão

Através dos pontos apresentados no texto, podemos concluir que a criação do corredor bioceânico apresenta pontos positivos e negativos, e é justamente por isso que o projeto segue gerando uma série de dúvidas nos governadores, pesquisadores e demais pessoas envolvidas. Dessa forma, o plano segue sendo elaborado a passos lentos e ainda não tem uma previsão concreta se ele realmente será concretizado e quando isso irá ocorrer. 
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Fontes: 
https://www.acritica.net/

https://pesquisarodovias.cnt.org.br/

Academia de Logística

ECOA

MRS SUL

https://www.agenciainfra.com/

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