Ferrovias

Peculiaridades do modal ferroviário no mundo

A construção de vias de acesso é algo que está presente desde muito cedo na história das civilizações. Impérios de grande extensão territorial, como o Romano e o Mongol, possuíam províncias muito distantes de suas capitais, por isso, o investimento em estradas rapidamente tornou-se uma prioridade. Isso facilitou o transporte de habitantes, exércitos, oficiais do governo, mercadorias e produtos. Muitos séculos depois, as inovações tecnológicas permitiram a difusão do modal ferroviário no mundo, o que contribuiu consideravelmente para a infraestrutura de transporte.

O primeiro trecho de ferrovia do mundo foi construído na Inglaterra em 1825, sob o propósito de conectar as minas de carvão e transportar passageiros entre as cidades de Stockton e Darlington. Isso só foi possível por meio dos esforços do engenheiro George Stephenson, que, em 1814, testou pela primeira vez o seu motor a vapor com uma carga de 30 toneladas.

O modal ferroviário no mundo foi apenas uma das transformações ocorridas na chamada Revolução Industrial e, até os dias de hoje, é uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento econômico. Para entender melhor o impacto dessa tecnologia, separamos alguns fatos interessantes sobre as ferrovias no mundo.

Índice do Conteúdo

O caráter expansionista do modal ferroviário no mundo

modal ferroviário pelo mundo

Assim como o Império Romano, que viu na construção de estradas uma ótima oportunidade de unificar o seu território e estabelecer a sua hegemonia política, as estradas de ferro também foram utilizadas para promover o expansionismo de muitas nações.

Isso aconteceu, sobretudo, em países e impérios que detinham um território extenso e precisavam conectar locais estratégicos, seja para otimizar a logística de produção e distribuição ou para facilitar o deslocamento da população.

Por exemplo, no início do século XIX, a costa leste dos Estados Unidos era onde a maioria dos colonizadores anglo-saxões viviam. Afinal, a proximidade do Oceano Atlântico era essencial para o sistema econômico do local, que visava a exportação. Foi somente com a construção de estradas de ferro que a expansão rumo ao oeste e a invasão de terras indígenas se consolidou, possibilitando o deslocamento de habitantes, exércitos e produtos. 

É possível encontrar um cenário semelhante no Brasil, nessa mesma época. No século XIX, uma das principais bases da balança econômica brasileira era a produção e exportação de café. Como uma forma de impulsionar essa atividade, em 1854, foi inaugurada a primeira ferrovia do país, a Estrada de Ferro Mauá. O trecho inicialmente conectava o Porto de Mauá a Fragoso, no Rio de Janeiro, ligando os modais hidroviário e ferroviário. Rapidamente, mais estradas passaram a ser construídas para conectar as zonas produtoras aos portos, contribuindo para a expansão rumo às regiões mais centrais do país.

A Rússia, sendo o país com maior área territorial do mundo, com 17 milhões de km², também viu nas ferrovias uma chance de expansão. Por exemplo, a ferrovia Transiberiana, que, hoje, atravessa horizontalmente o país inteiro, foi muito importante para o escoamento de produtos e o transporte de passageiros entre suas diferentes regiões.

A tecnologia aplicada às ferrovias

tecnologia dos trens pelo mundo

Uma outra peculiaridade do modal ferroviário no mundo é que esse setor é constantemente aprimorado por inovações tecnológicas.

Um dos exemplos mais notáveis foi a criação de trens de alta velocidade. Também conhecido como trem-bala, este tipo de transporte é capaz de atingir mais de 250 quilômetros por hora. A primeira linha de alta velocidade do mundo, a Tokaido Shinkansen, foi inaugurada em 1964 no Japão. Atualmente, ela é a rota ferroviária de alta velocidade mais movimentada do mundo e utiliza um sistema de rodas e trilhos de aço, que são alimentados por corrente elétrica.

Existem também ferrovias de alta velocidade que operam com a tecnologia MagLev. Nesse caso, um sistema de ímãs permite que o trem fique suspenso, diminuindo o atrito com os trilhos e possibilitando velocidades ainda maiores.

Além do Japão, outros países investiram na alta velocidade ferroviária, como a França, a China, a Alemanha e os Estados Unidos, por exemplo. Em sua maioria, os trens são utilizados para o transporte de passageiros, porém, também é possível encontrar locomotivas destinadas a serviços de frete.

Impacto do modal no mundo

modal ferroviário no mundo

Assim como a maioria das tecnologias desenvolvidas durante a Era Industrial, as ferrovias influenciaram negativamente o meio ambiente. Seja pela emissão de gases de combustíveis fósseis ou pela transformação de relevo necessária para a construção de estradas, o modal  ferroviário alterou consideravelmente a paisagem em que foi implementado.

No entanto, é importante dizer que, em comparação com os impactos causados pelo modal rodoviário, o transporte ferroviário é uma alternativa menos prejudicial. Segundo uma pesquisa realizada pela Climate Watch, em 2019, 72% das emissões globais de gases nocivos à atmosfera são provenientes de veículos rodoviários.

Dito isso, no transporte ferroviário, o uso de vagões permite que grandes quantidades de carga sejam transportadas através de um único veículo. No caso das rodovias, a mesma quantidade de produtos requer um número maior de caminhões e, logo, resulta em uma maior emissão de gases.

Além disso, recentes avanços tecnológicos e políticas governamentais têm tornado o transporte ferroviário menos prejudicial para a natureza, o que nos leva ao último tópico:

A revolução verde do modal ferroviário no mundo

pessoas segurando um pequeno globo

No contexto mundial, uma das principais medidas promovidas para reduzir o impacto ambiental de empresas e de diversos setores é a criação do Selo Verde. Esse programa foi desenvolvido com o intuito de estimular o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU).

Portanto, para que uma empresa seja aprovada para receber o Selo Verde, é necessária a avaliação de várias práticas sustentáveis, como o gerenciamento de resíduos sólidos, o tratamento de efluentes e os níveis de consumo de energia elétrica e de água, por exemplo.  Uma das vantagens de adequar os processos de uma empresa a essas práticas é que isso pode diminuir os desperdícios de recursos, além de contribuir para a imagem de empresa responsável.

Pensando especificamente no modal ferroviário no mundo, muitas estratégias têm sido aplicadas por empresas para se adequar nesses requisitos.

Por exemplo, a companhia ferroviária australiana Byron Bay colocou em operação o primeiro trem movido totalmente a energia solar. Através de uma matriz solar de 6,5 kW e painéis flexíveis, o veículo dispensa o uso de qualquer combustível fóssil. Ainda pensando em combustíveis alternativos, em muitos países da Europa, como a França, é possível encontrar trens que utilizam hidrogênio e oxigênio para abastecer os seus recursos eletrônicos.

Além disso, outra medida muito benéfica ao meio ambiente é o uso cada vez mais frequente de trilhos fabricados a partir de compostos poliméricos reciclados.

Conclusão

Foi possível perceber que o modal ferroviário no mundo ainda é uma tecnologia que pode ser desenvolvida e aprimorada. A capacidade das ferrovias, no que diz respeito ao transporte de produtos e de passageiros, pode ser otimizada consideravelmente através de medidas que podem reduzir gastos e melhorar processos logísticos, além de contribuir para a sustentabilidade ambiental.

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